14 junho, 2012

modorra

dentro da palavra modorra moram as tardes de férias na casa da minha avó. moram o sol quente de verão e os tatu-bolas que investigávamos no jardim. moram também os cheiros: de xixi e cocô de cachorro evaporando no quintal recém-lavado pela chuva; de sabão de côco e amaciante, estendidos no varal.
no mapa da minha imaginação infantil, modorra fica ao lado do pecado, nas fronteiras com sodoma e gomorra. e é cidade inteira de pedra.
modorra é mais chão do que parede porque é mais cama que poltrona.
a palavra modorra está grávida e logo deve parir a lassidão.

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