28 março, 2009

Poesia



"Moreninha, se eu visse o mundo
da janela dos seus olhos.
Da janela dos seus olhos,
o mundo seria um doce.
Moreninha, se eu visse o mundo
da janela dos seus olhos,
o mundo seria um doce.
Se fosse, se fosse..."

A ilusão das estatísticas*

Já que estou aqui, na labuta, preparando uma porção de tabelas para um artigo, aproveito o ensejo para elencar abaixo minha proposta de indicadores de produtividade acadêmica para as Ciências Humanas, apresentando alguns números do meu período de doutorado (desde fevereiro de 2005, portanto):

Indicadores Heterodoxos de Produtividade Acadêmica em Ciências Humanas – Fabiana, desde fevereiro de 2005.

Indicadores

Números

Canetas marca-texto

Umas 15

Marcadores Transparentes

Uns 750

Cadernos utilizados

Uns 5 (3 grandes, de 100 páginas/ 2 pequenos, de 100 páginas)

Livros comprados

40

Livros lidos

Perdi a conta faz tempo

Textos e artigos lidos

idem

Participação em seminários

Uns 10

E-mails trocados com amigos sobre o tema

Perdi a conta. Só com o Mauricio, foram uns 50?

Horas em frente ao computador

20horas x 4 x 12 x 4

Horas na biblioteca

As outras 20horas x 4 x 12 x 4

Textos em pdf armazenados no computador

Cerca de 200

Café ingerido (em xícaras)

365 x 2 x 4

Horas de insônia

4 x 365 x 2

Mau-humor de marido, filho e enteadas (em dias)

Ultimamente, a taxas de 4 dias/semana


Ah! Esqueci de incluir as "horas de terapia dedicadas a falar do assunto". Deve ter sido 1 sessão a cada quatro :-) Quem tiver mais sugestões, pode mandar...

Bom final de semana!

Update: Acabei de ler a reportagem da Pesquisa FAPESP Online, "Não à hierarquia" sobre a rebelião de professores de Humanidades sobre os critérios para categorizar as revistas acadêmicas!

* Este é o título do livro ótimo de Jean-Luc Besson, publicado em português pela Editora da UNESP.

24 março, 2009

Rapidinhas

-A Thais falou sobre o post Economia Doméstica lá no Vida Verde (o blog bacaníssimo que ela mantém no Portal da Crescer, sempre com informações e dicas preciosas para levarmos uma vida mais saudável e melhorar também a vida com o planeta, que a gente sabe que a coisa não está para brincadeira...). Ela tinha me avisado que ia linkar no Vida Verde, mas a maneira com que ela fez isso foi tão bonita, que fiquei super emocionada. Afinal, elogio de quem a gente admira é sempre gostoso de receber, né? Obrigada, Thais!

- Rodrigo-Batman está metade bem e metade revoltado com essa tal de tese que nunca termina. Ainda bem que está acabando...

- E falando na pesquisa, lembram que eu tinha ficado revoltada com as exceções à lei do salário-mínimo? Em 1944, conforme a guerra parece ir se encaminhando para o fim e a volta ao regime democrático vai se mostrando inevitável, alguns temas que até então eram negados (como o desemprego, por exemplo) conseguem entrar na pauta. E eles revogam essas exceções... Segundo o Ministro do Trabalho (que nessa época tinha uma seção na Voz do Brasil, uma vez por semana), passada a fase "educativa" da lei, para estimular a contratação de jovens e mulheres, ela já mostrava efeitos adversos, sendo os trabalhadores homens adultos preteridos em favor dessa mão-de-obra mais barata. Além disso, só depois desses efeitos adversos é que parece ter caído a ficha de que as exceções contrariavam a própria afirmação de que "a trabalhos de igual valor, remuneração igual"... Bom. Antes tarde do que mais tarde.

17 março, 2009

Reinventar a urgência

E às vezes nem precisa muito: só uma pequena dificuldade em encontrar o outro no celular; um pouco de café demais; uma sensação esquisita dentro do peito; um medo de que as coisas errem de repente; um medo de não ver nunca mais; o desconforto de achar que o beijo rápido de despedida pode ter sido último...

Às vezes nem precisa muito: só a vertigem da lembrança de que somos perecíveis; só a consciência aguda de que o amor não nos torna eternos.

Não precisa muito: só lembrar a falta que o outro ainda não faz para reaprender a aproveitar a presença; só lembrar que amor é alma e carne para agarrar-se ao corpo de quem se ama; só imaginar a vida sem o outro, para redescobrir a graça da vida com ele.

Ainda bem que não precisa muito: só uma trêmula sombra de morte, para acordar a vida, para ensinar a amar melhor, para reensinar a dar a mão. Para reencontrar o para sempre no todo dia.

Memê

Quem me passou esse memê, já há algum tempo, foi a Thais. O memê tem algumas regras, como passar para sete pessoas, comentar no blog dos convidados, comentar no blog de quem convidou etc. Mas, vou abusar da minha excessiva ocupação com essa tese e vou só indicar sete nomes aqui mesmo; e quem quiser fazer também, sinta-se à vontade...

Ah! E embora não tenha nada a ver, falei de tese e me lembrei de uma coisa que me revoltou essa semana.

Bom, eis que, em 1939, depois de muita discussão, aprovou-se finalmente entre nós a lei do salário mínimo, que deveria ser capaz de cobrir as despesas de alimentação, transporte, vestuário e habitação de um operário e sua família. O salário mínimo era diferente segundo o estado da federação, levando-se em conta tanto os diferentes níveis de desenvolvimento quanto as diferentes composições da "ração" básica. Ok. Mal eles tinham aprovado essa lei, já estavam discutindo que o próximo passo - estabelecido o salário mínimo vital - seria estabelecer o salário mínimo social, já que a "legislação social" obviamente caminhava num crescendo, graças à benevolência e visão do presidente Getúlio Vargas, que tão bem soubera concertar os interesses entre capital e trabalho... Vai daí, que mal comecei a olhar os anos 40, o que descubro eu? Um Decreto-lei que autorizava que se pagasse menos do que o salário mínimo (o vital mesmo).

Eram duas as situações visadas pelo Decreto:
(1) jovens, entre 18 e 21 anos, poderiam ter uma redução de 15% em relação ao S.M. se o empregador oferecesse capacitação profissional a ele. A redução podia valer por um ano, caso o curso acontecesse no espaço de trabalho (já havia uma lei que preconizava que os estabelecimentos com mais de 500 empregados deveriam ter refeitório e escola/cursos) e três anos, se o empregador pagasse a capacitação em uma instituição escolar profissionalizante.
E, agora, vem o motivo de minha revolta:
(2) mulheres, poderiam ter uma redução de 10% caso o empregador oferecesse condições adequadas de higiene no ambiente de trabalho.

Ou seja, mal se aprovou o salário mínimo, já se estabeleceu uma distinção entre os trabalhadores homens adultos e os outros, jovens e mulheres, que obviamente trabalham por gosto, e não por necessidade, e claramente não têm responsabilidades pelo provimento da casa... E essa de que a redução no caso das mulheres é compensação por oferecer um ambiente adequado...Afe!

Bom. Mas voltando ao memê...(desculpa, Thais, o desabafo!). Tenho que escrever sete segredos de beleza. Ih...Difícil, hein? Vou escrever sete cuidados que tenho "com o meu myself", como diz uma amiga minha :-)

1. Sabonete para lavar o rosto, jamais! Só uso géis de limpeza sem sabão, como o Cleanance ou Effaclar. Mais o Cleanance, que rende mais e deixa uma textura mais suave...

2. Protetor solar, sempre! Todo dia, chova ou faça sol, passo protetor antes de sair. Fator 30, mas agora no verão estou usando 60! Esse e o primeiro são cuidados por causa da rosácea, mas acabei acostumando e sinto falta se não faço... Tenho a impressão que a pele fica esquisita, sei lá!

3. Manicure. Eu sempre roí unhas. E sempre quis ter unhas iguais às da minha mãe, exemplo de beleza e feminilidade. Fazer as unhas toda semana melhora bem o problema, por isso, depois que encontrei a C. e seu ambiente anti-salão de beleza, resolvi fazer toda semana, sim, ora pois, porque não me conformava em ter mais de trinta anos e unha roída! Até a tese terminar, vou a cada quinze dias porque tempo é coisa rara, mas adoro estar com a unha feita, pintada de cores escuras (alterno entre o Framboesa, Vinho Reserva e Morangos Silvestres, todos da Colorama!).

4. Quando estou triste, uso maquiagem. Aprendi com a minha amigona, Ana Lúcia: se estou triste, nada de ficar me arrastando por aí. Escolho uma roupa bonita, pinto a cara e vamos embora!

5. Me arrumo, mesmo que vá trabalhar em casa. Isso nem sei se é cuidado ou loucura...Mas não consigo ficar trabalhando em casa de moletom e camiseta. Eu levanto, tomo café, banho, me arrumo de até passar perfume.

6. Ficar mais velha. Acho que isso é um segredos dos bons (e tem bastante a ver com o sétimo segredo da Thais). Tem coisa que a gente aprende a deixar pra lá - a gente aprende a disfarçar nossos defeitos e a valorizar o que temos de bom. Além disso, pra algumas coisas a gente fica mais segura, o que sempre tem seu charme ;-)

7. Relaxar, brincar, se perdoar, sorrir, gargalhar, fazer careta, andar de bicicleta, comer frutas...Todas essas coisas que tem a ver com curtir a vida. Ela passa rápido demais pra gente ficar muito preocupado. Beleza é leveza!

Tão aí, os segredos de beleza mais nada a ver. Indico a Renata, a Fabíola, a Nara, a Tati, o James, o Maurice e o Felipe (quero ouvir os homens!).

16 março, 2009

Passarinhos verdes

A Thaís publicou um post muito divertido sobre suas paixões adolescentes atuais. E aí, eu que também ando meio sem assunto, resolvi imitar e pôr aqui as caras bonitas que têm feito meu coração bater mais feliz...

Para começar, o top da lista: Patrick Jane! Ele é a personagem principal do seriado The Mentalist e é interpretado pelo Simon Baker (lembram? O cafajeste sedutor do "Diabo Veste Prada"?).

Então. Eu adoro o Jane! Porque é bem isso: não tô nem aí pro ator, coitado. Gosto mesmo é da loucurinha bem humorada do Jane.

Além dele, tem o Dean, do Supernatural. No caso dele, talvez ator e personagem se misturem um pouco na minha paixonite, sim, porque eu já gostava dele mesmo quando ele fazia Dark Angel (bullshitaço!) e tinha aqueles códigos de barra tatuados no pescoço ;-) Mas em Supernatural ele está tão bem, tão bonito, tão engraçado, tão comilão... Além do mais, essa temporada está das melhores; um episódio melhor do que o outro. E ele, (atenção: spoiler!), "vortado" do inferno está tão "pessoa", sabem? Irresistível. E a interpretação dele para "Eye of the tiger"? O episódio inteiro tinha sido hilário; o final foi a chave de ouro!


Para terminar, mais um de Supernatural: o anjo Castiel. Já falei dele, antes. E, nesse caso assim como no do Jane, curto mesmo é a personagem, aquela coisa toda de anjo decaído, tentando aceitar a vontade de Deus mesmo sem compreender... Adoooooro!


Pronto. Essas são minhas paixonites bobocas!

Imagens: é só clicar na foto, que o endereço de onde tirei aparece.

14 março, 2009

Breves

- Hoje minha mãe e meu padrasto vieram nos visitar e tivemos um dia muito gostoso. Rodrigo-Batman é simplesmente o ser mais feliz do mundo de brincar com o avô, ficou num bom-humor de expectativa antes deles chegarem e, depois, num bom-humor de alegria mesmo porque ele e o Padilha fazem a maior bagunça do mundo...

- Depois, resolvemos passear um pouco pelo shopping (passeio-mico, mas fazia mais de mês que não íamos, rolou uma certa síndrome de abstinência dessa que vos escreve...). Rodrigo-Batman ganhou uma máscara nova que ainda vinha com umas traquitanas-cinto-de-utilidades. Santa bagunça, Homem-Morcego! O ser andou o shopping todo descobrindo novas funções para os brinquedos. Depois de tudo, chegou em casa, comeu, ouviu história e dormiu...Coisa boa da vida!

- Marta-lagarta já se encontra encasulada! Aguardamos cenas dos próximos capítulos...

- O livro da Orides Fontella chegou na quarta-feira. Edição linda, poemas de ler e reler. Ela já me ganhou na epígrafe:
A um passo do meu próprio espírito
A um passo impossível de Deus
Atenta ao real: aqui
Aqui aconteço


- Mas mesmo com essa descoberta de uma autora nova (pra mim), não me saem da cabeça uns ritmos da Ana Cristina César. E digo ritmos porque do poema mesmo não lembro bem, não sei dos versos, só umas palavras soltas, uns oh yeahs... E isso me lembra que não tenho os Inéditos e Dispersos, só o A teus pés. Quem sabe na próxima leva de trocas no sebo não resolvo isso?

- Para encerrar, um pouco de Silvio Rodriguez. E para labregar ainda mais a vida, a música é pro Edu ;-) Bom domingo!


11 março, 2009

Bichos


- Segunda-feira à noite, estava eu limpando as folhas do brocólis para refogar (quando compro brócolis ou couve-flor na feira, sempre peço as folhas porque a-do-ro comê-las! Acho bem mais gostoso que couve-manteiga...) quando dou de cara com uma lagarta. Verdinha, muito ativa e minhocante. Chamei o Rô: -"Fiiiiiilho! Vem ver quem veio visitar a gente!". Ele veio e ficamos os dois um tempão olhando a lagarta se mexer e fazer coisas divertidas, como parecer ficar em pé porque está procurando um novo ponto de apoio. Resultado: a lagarta tem nome - Marta, Lagarta! - e está até agora numa saladeira de plástico. Já troquei a folha do brócolis por alface e ela está ficando bem gordinha... O Rô está super ansioso para que ela faça um casulo e vire borboleta!

- Hoje, estava eu na frente da biblioteca, comendo um sanduíche natural de beringela grelhada no pão integral. Aí, um dos cachorros que anda por lá, resolveu vir me cheirar e se sentou aos meus pés. Resolvi, então, dar um teco do meu lanche pra ele. Não é que o cachorro se ofendeu? Deu uma cheiradinha esnobe, levantou e saiu andando pra longe de mim! Moral da história: não dê lanche natureba prum cachorro que só quer cafuné :-)

- E na semana passada, houve nova fuga dos gerbis. Dessa vez, fui para a cozinha e vi a Louise correndo, feliz. Ela passava na minha frente, me olhava e então corria pra debaixo da pia, atrás do fogão ou da geladeira. Eu ia dizer que, ao me ver, ela ria, mas pode parecer maluquice... Pior fui eu, depois de guardar a Louise na gaiola, sair procurando a Thelma. Procurei uns cinco minutos até que tive a brilhante idéia de procurar com mais cuidado dentro da gaiola. Não deu outra: estava lá o bichinho, num sono profundo, escondida na casinha de madeira.

Imagem: http://tbn3.google.com/images?q=tbn:RU6rXsB7Cf4mhM:http://farm3.static.flickr.com/2316/2207637346_1b9b3cba1e_o.jpg

08 março, 2009

De carne e osso

Sempre me disseram que eu era romântica demais, sonhadora demais, muito idealista, que andava com a cabeça nas nuvens... De modo que por bastante tempo eu achava que não levava jeito pra viver. Pelo menos não essa vida de todo dia, os milhões de tarefinhas e pequenas chateações que a gente toma como medida de virar gente grande. Eu achava, do ponto de vista de quem sonha, que dava pra vida ser outra coisa.

Apesar disso - ou por isso mesmo - aprendi a ser organizada e pragmática, a não planejar ou esperar demais, enfim, a deixar espaço pro imprevisível da vida. Por isso não me via refletida nessa imagem do romantismo excessivo: quer coisa mais real do que o imprevisível?

E de imprevisível em imprevisível, conciliando projetos de prazo maior ou menor com paixões arrebatadoras, cá estou. Não sei se perto ou longe do que tinha sonhado pra mim porque no meio do caminho houve (e há) o desejo, e o desejo faz do sonho um barro ao qual a gente dá nova forma. Não tenho um ideal para atingir; pra mim me basta me sentir confortável debaixo da minha pele.

Não o clímax irrepetível dos grandes acontecimentos, mas a coleção de pequenas e grandes alegrias. Um olhar tão intenso que se imprimiu no corpo indelevelmente. A mão que relembra o calor da primeira vez que procurou abrigo na do outro. Os ouvidos que ecoam o som da gargalhada distraída do filho assistindo TV. Chegar à noite e perceber que mais um dia passou, sem grandes sobressaltos, mas pleno da graça de termos sobrevivido juntos a ele. As alegrias espalhadas por dentro do corpo, bolhas frágeis de sabão, tão frágeis quanto a gente mesmo que dói e goza porque é de carne e osso.

* Para ilustrar o imprevisível bonito da vida, tinha dado o nome ao post e estava escrevendo quando me lembrei de uma música da Zelia Duncan que, em uma época, ouvia e cantava como um mantra: "Estou me acostumando comigo/ revendo a casa, os vizinhos/ e os vazamentos e isso já não me assusta mais...". Eis que, procurando pelo arquivo para colocar aqui, descobri uma música da Zelia Duncan chamada..."carne e osso"! E que tem tudo a ver com as razões e sentimentos desse post, já que decidi escrever depois de ler a Renata e sua pequena ode à felicidade que não seja de plástico. É por essas que, às vezes, a gente consegue se sentir protegido, mesmo que no interior de uma bolha de sabão.



Dia Internacional da Mulher

Passeando hoje pelos reinos da Denize, vi a dica de que - para comemorar o Dia Internacional da Mulher, a Cosac&Naif está com promoção de 50% em títulos de algumas de suas autoras. Como a curiosidade matou o gato, lá fui eu dar uma olhada...E, para minha felicidade, descobri que eles reeditaram a Orides Fontela - em novembro o livro constava como esgotado - e pude comprá-lo com 50% de desconto! Presentão!

Aproveitando o ensejo, parabéns a todas as mulheres!

07 março, 2009

Economia Doméstica

Eu sei que ando super ausente; mas é que a coisa aqui tá feia, meu prazo para entregar a tese tá ali, depois daquela esquina, e eu ainda tenho muito trabalho pra fazer. Tenho passado meus dias enfurnada em bibliotecas, de onde só saio para comer (o que obviamente tem efeitos sobre a minha silhueta- no sentido de aumentá-la-, mas decidi que vou pensar nisso depois do depósito) . Fora que com o calor que andou fazendo, minha energia derreteu e escorreu igual que nem o ininterrupto suor.

Ainda assim, para não perder o costume, aproveitei uma brechinha para escrever um pouco aqui. E como as palavras não andam muito minhas amigas, decidi escolher um tema para ser mais fácil escrever.

Já faz um tempo que ia escrever sobre as táticas para manter a casa funcionando por aqui e também evitar desperdícios de comida. Se tem uma coisa que me deixa mal é ter que jogar comida fora, crua/cozida, não importa. Minha avó fez um ótimo trabalho em botar culpa na gente pelo desperdício- o velho truque do "você sabe quantas crianças têm fome e não têm o que comer?", de modo que até hoje beijo o pão se preciso jogá-lo no lixo...Outra coisa que me deixa mal é comer besteira com muita frequência - algumas gastrites e a queda muito rápida da minha imunidade se eu abuso já me comprovaram esse fato várias vezes, por isso resolvi me render às evidências e tomar cuidado mesmo.

Para facilitar a nossa vida - já que aqui somos nós que fazemos tudo - há algum tempo passei a fazer cardápios semanais; no início demora um pouco, mas hoje em dia preparo ao mesmo tempo o cardápio e a lista de feira/supermercado em uns quinze minutos. Sabendo o que vou fazer e quando, posso fazer uma lista com os ingredientes e, mais do que isso, com as quantidades a serem usadas. A única coisa que não decido é sobre as frutas, para poder comprar o que está na época. Mas desse jeito reduzimos muito a quantidade de comida comprada (economia 1) e sobretudo a comida jogada fora (economia 2). Fico feliz da vida de ver que, na véspera de fazer compras, a geladeira está quase vazia (e o que seria da vida sem essas pequenas alegrias, não?);

Fazer os cardápios previamente acaba ajudando também a comermos melhor. Afinal, se a gente chega em casa, do trabalho, cansado, e ainda vai ter que examinar a geladeira para descobrir o que vai fazer...já viu, né? Acaba comendo lanche. Com o cardápio pronto, dá para deixar algumas coisas já preparadas (como arroz, grãos) e só fazer as verduras na hora. O dia do lanche está garantido no cardápio - geralmente às sextas à noite ou final de semana! Afinal, todo mundo pode ter preguiça às vezes, né?

Outra coisa é que, planejando, dá para tomar cuidado em deixar os pratos mais fáceis para os dias em que chegamos mais tarde, ou em que um dos dois vai estar sozinho com as crianças, por exemplo. Além disso, dá para pensar em experimentar receitas novas, colocando todos os seus ingredientes na lista e garantindo que não vai faltar nada na hora de cozinhar.

Claro que não funciona à ferro e à fogo. De vez em quando cancelamos algum prato para terminar com as sobras. Ou então trocamos um prato por outro - eu sou rainha de ter que fazer lentilha ou ervilha partida porque esqueci de pôr outro grão de molho :-) Mas gosto desse cuidado: com a gente, com o produtor (o Edu que conta que, na cultura japonesa, jogar comida fora é um baita desrespeito com o produtor), com o nosso planeta... Fora que essa estratégia permite manter o olho numa das metas de ano-novo que era diminuir o consumo de industrializados.

Quer dizer... Mais ou menos, porque o Rô agora está na fase do strogonoff vegetariano, o que me obriga a comprar pelo menos champignon - embora dê para fazer com os frescos - e creme de soja.

Mas não dá para culpá-lo, já que o negócio é mesmo bom. Para encerrar, então, nesse espírito total de economia doméstica, aqui vai a receita do strogonoff (tirada da Revista dos Vegetarianos):

2 abobrinhas pequenas cortadas em cubinhos
100gr de vagem cortadas
2 cenouras médias cortadas em cubinhos
2 tomates sem pele e sem semente
1 cebola grande cortada
200 grs de champignon (fresco ou em conserva)
200 grs de creme de leite de soja
2 colher de chá de mostarda
1 xícara de shoyu
Azeite, sal e pimenta à vontade

A vagem e as cenouras devem ser cozidas no vapor. Aí, numa panela grande, você refoga a cebola (eu refogo em fogo baixo, até elas ficarem quase transparentes. E, como a Nigella ensinou, com a cebola vale colocar uma colher de chá de sal para que ela não grude), os tomates e a abobrinha. Quando a abobrinha estiver boa (isto é: cozida, mas não muito mole), você pode acrescentar o restante dos ingredientes. Fica ótimo! Você pode servir com arroz e batatas assadas ou a velha e boa batata frita palha, preferência do meu amado filho ;-)

Bom final de semana para vocês!

Imagem: www.gettyimages.com.br