27 dezembro, 2009

Perguntinha básica

Eu é que tenho problema ou esse vídeo dos Strokes dá... tipo assim... barato?

(é pergunta retórica, tá, gente? Eu que ando mesmo com problema, meio adolescente demais, ouvindo Interpol, Arcade Fire e Strokes sem parar...).

25 dezembro, 2009

Buarqueanas

Rodrigo, antes de dormir, no dia em que voltamos para casa e descobrimos que a Thelma e Louise (nossos gerbis) tinham morrido:

- Mas, mãe, por que elas morreram?
- Não sei, filho. Pode ser porque elas estavam velhinhas, pode ser por qualquer coisa, a gente não sabe...
- Mas mãe, a vovó falou que foi de calor.
- Pode ser, filho.
- Mas mãe, não falou no jornal que os hamsters tinham morrido de calor...

Pois é filho, você tem toda razão: a dor da gente não sai no jornal...

Natal e 2010

Querido filho Rodrigo,

desde seu nascimento que as mensagens de final de ano passaram a ter você como interlocutor privilegiado, como se no momento de "fechar para balanço" e celebrar a renovação das esperanças, me coubesse - como sua mãe - tentar organizar o que aprendemos juntos no ano que passou.

Este ano foi bastante intenso, cheio de desafios mas também conquistas. No primeiro semestre, a família toda finalmente se livrou da tese que, embora de minha responsabilidade, mobilizava todo mundo. Em julho, pela primeira vez em toda a sua vida, você ficou de férias com uma mãe que não tinha mais um relógio correndo por dentro! E no segundo semestre teve a defesa, teve o lançamento do livro e - nos espaços que o fim do doutorado abriu - teve muito softie sonhado e costurado, teve bolsinhas costuradas à mão, brincadeiras de massinha, cartas e cartões, muito colo, filminho e pipoca, teve fazer cookies para dar de presente, teve pesca com seu pai... Teve encontro e reencontro, sem pressa: como se finalmente os pés reaprendessem a dureza e a maciez de pisar o chão.

Também foi ano pleno de companhias. Mais próximas ou mais à distância, é difícil explicar o quanto houve amparo e mãos dadas no meio do furacão. Você também me deu a mão, filho: não sei se cedo demais ou se na hora certa, mas aprendeu que adultos também se perdem e têm dúvidas, e me deu de presente seu carinho e sua presença, verdadeiras âncoras para que as tempestades não me levassem pra muito longe.

Observação óbvia, você cresceu muito neste ano. E acho que todos nós crescemos junto com você, filho. Suas perguntas, seus desconcertos, seu estranhamento frente a este mundo ao qual já quase nos acostumamos são preciosos e os ajudam a descobrir novos significados para essa coisa de estar vivo. Nas suas alegrias, e também nas suas tristezas.

Como em nossa recente experiência com a perda. Mal chegamos de viagem e descobrimos que nossos pequeninos gerbis, a Thelma e a Louise, tinham morrido. Não sabemos como, nem porquê, e a falta de explicação só reforçou nosso desconcerto diante de um sono profundo demais do qual não pudemos acordá-las. Choramos juntos, por nossas pequeninas companheiras, e talvez eu tenha chorado também por ter que te ensinar tão cedo a se despedir, dessas despedidas definitivas.

Juntos, demos nosso tchau pra elas, agradecemos por tê-las em nossa vida por tanto tempo, avisamos que iremos sentir saudade. E o que mais achei bonito na sua dor foi sua coragem em enfrentá-la, em não se distrair dela, em chorar, peguntar, enunciar a saudade e a tristeza na falta do que você chamou de "suas companhias". É doído sim, filho, mas é tão bom ter afetos, não? Tão bom ter amigos queridos cuja presença no mundo nos conforta, e de quem sentimos falta. Tão bom não andar indiferente e poder ser afetado por presenças ou ausências...

Que no ano que começa, filho, a gente possa continuar caminhando de mãos dadas e prestando atenção aos caminhos que escolhemos.

Muitos beijos,

mamãe.

18 dezembro, 2009

Que seja doce

Ô coisa límpida de se desejar: que seja doce.

(E eu não consigo pensar nessa frase sem me lembrar do Mauricio, que é das companhias mais doces que tenho nessa minha vida...).

15 dezembro, 2009

Feridas

Porque algumas não saram, nem fazendo tudo certinho, nem cuidando com pomada de calêndula-algodão-esparadrapo-água oxigenada. Há algumas que, embora não doam, também não é possível fazer estancar: viram fonte, minando vagarinho um sangue rosinha e aguado, suficiente para colorir de um colorido especial o que na vida é fluxo, correnteza e ir-em-frente. Há feridas que são pura rememoração.

11 dezembro, 2009

Pra rir (e dançar...)

Dica da Flávia! Me acabei de rir!

Mas me deu também um pouco de saudade, de carregar o Rô no sling. Ele continua amando um colo, mas cada vez que a gente o pega, parece que as pernas dele escorrem mais para fora da gente... Ele tá enorme e abandonou o sling e o mei-tai há tempos... um dos meus sling inclusive tá circulando por aí, entre amigas e suas filhotas. Mas que dá saudade de quando era só colocá-lo no meu pertinho e sair por aí, isso dá!

08 dezembro, 2009

Contagem Regressiva


Calma! Ainda não falando do Natal e nem do Ano-Novo...  Por aqui estou me preparando mesmo é para as férias do , que começam na próxima quarta-feira e só terminam no fim de janeiro. Estou tentando correr com as coisas que preciso fazer porque depois de terça que vem... trabalho só de noite e aos finais de semana.

Ele está muito contente que as férias estão chegando. Este ano não foi mole pra ele, com mãe doida terminando tese... E mesmo que ele tenha ficado em casa em julho, eu não estava propriamente de férias, já que estava naquela transição fim-antecipado-de-bolsa + procurar trabalho + pegar o que aparecesse.... Mas agora não: pelo menos até a primeira quinzena de janeiro por conta dele.

Temos nos preparado para as férias: já checamos o estoque de guache; estamos colecionando sucata; eu já selecionei alguns projetos, como softies, dragões e uma coroa de feltro... Até estamos planejando coisas gostosas para fazer e comer: cookies, bolos, pães, cuscuz baiano (tem uma milharina comprada faz tempo, mas quem disse que no café da manhã conseguimos fazer? E eu tenho ótimas lembranças de comer o cuscuz que a Vanuzia fazia de manhã, com manteiga derretendo, acompanhado de um café feito na hora. Podia ser segunda-feira que passava a parecer domingo!). Eita! Depois das férias, vou ter que passar um mês num spa ;-)

(Vou abrir um parêntese: sexta passada eu estava no Centro Público de Economia Solidária de Osasco e um empreendimento estava produzindo uma encomenda no Café Oficina. Eu parei lá uns minutos, para comprar um suco de laranja e fiquei olhando o cuidado delas, fazendo esfihas de escarola, e me deu uma saudade das tardes na casa da minha avó... do processo de fazer recheio, mexer a massa e depois sentar para enrolar coxinhas e bolinhas de queijo ou fazer esfihas e empadas. Já falei disso antes: de como aquelas tardes, passadas no espaço de uma casa que estava repleta de pessoas e de histórias, tem um sabor especial e constituem um tempo querido dentro de mim. Sexta-feira, tive a sorte de reviver um bocadinho disso...).

Para encerrar este post meio nonsense, acho que estou tão animada com essas que são as primeiras férias do Rodrigo sem que eu tenha que pensar em tese porque ele parece estar me fazendo há tempos um pedido que o Zé Miguel Wisnik colocou lindamente em uma canção chamada "Tempo sem tempo": "vê se encontra um tempo pra me encontrar sem contratempo por algum tempo...".

Vamos lá, então: subverter o tempo, desviar da sua linearidade, brincar de esticá-lo em tardes preguiçosas, horários flexíveis... fazer da casa um espaço de cheiros, sabores e texturas... assistir TV de tarde, ficar de pijama o dia todo... Deixar o tempo vazio pra gente não ter que pensar no que quer, até querer.

Imagem: Relógio Salvador Dalí,  tirado daqui.

02 dezembro, 2009

Constatação

Da vida eu gosto é crua.

Quando dói, dói mesmo: dói o corpo e dói a alma. E então sei que estou viva, porque meu corpo é carne, sangue, músculo e fibra. Nasceu, cresceu e um dia vai morrer. Mas quando dói não tem passado, nem futuro: é só presente, latejando como só coisa que está viva.

Quando é bom, é bom mesmo. De um bom que pode ser manso e amplo ou súbita explosão de cintilâncias. Mas é bom no corpo e na alma. E eu então sei que estou viva, na paz ou no cansaço do meu corpo que é carne, sangue, músculo e fibra. Sem passado, nem futuro - no ondular da minha respiração de coisa viva.

Sem anestesia, sem subterfúgios, sem caminho fácil. Cheia de sabor, cheiro e textura, rescendendo à terra donde acabou de sair (e pra onde vai voltar). Crua, para afiar os dentes e instigar o que em mim é também bicho e instinto.

Da vida, eu gosto crua.