a chuva escorre o cinza clarinho que sufoca o azul. tem dias em que para sempre é quanto a chuva dura. no ponto de ônibus os bancos estão todos encharcados, mas o sentimento é ainda de úmida gratidão - que a chuva é fina e não molha em rajadas quem se abriga sob o teto frágil. o trânsito, os motores acelerando, os aviões ao longe: tudo é ríspido e farpeja por dentro. e então o susto. desafiando o chumbo, uma revoada dança, uma vez para perto, outra vez para longe e ainda outra vez para perto. o contrário da pressa de alcançar o destino enfeita o céu a se despir: volteiam, procuram, tateiam o melhor pouso. olhos em festa, afrouxo como se tivesse chegado. nas poças do banco, a espera namorica a permanência.
adorei este texto seu. tive contato com seu blog pela primeira vez e achei uma delicia. me fez interromper a leitura técnica e obrigatório do trabalho cotidiano para respirar um pouco de ar puro exalado pelas suas palavras. bjs. cristina
ResponderExcluirolá, cristina. obrigada pelo registro da interrupção -sempre bom quando esse espaço, um tanto púlpito, mostra que é encontro. beijos!
ResponderExcluir