30 junho, 2012

estranheza

Penso a palavra fase e o poema da Cecília Meireles me vem à cabeça: tenho fases como a lua/fases de andar escondida/fases de vir para a rua. A fase pendulando extremos - inscrevendo os picos da vida no que é ciclo e, assim, domando o imprevisível.
Penso a palavra fase e sei que meu filho, quando a escuta, imagina jogos de videogame ou computador: algo a se cumprir para continuar a brincadeira. Fase como obstáculo, como intermediária, sem sentido em si mesma. Bandeirolas largadas num caminho pré-definido.
Penso a palavra fase e ressoam as aulas de física: as fases da tensão elétrica, contínuas ou alternadas, o papel do dijuntor. A fase como o grilo que se esconde no quadro de força, cricrilando a alta tensão de chuveiros ou ferros de passar. De novo os picos, agora de energia.
Como pode uma pessoa pensar tanto a palavra fase? eu a pronuncio,  e a estranho enquanto ela ainda está suspensa no ar. Desde então, dou voltas em torno dela, escavando seus sentidos. Não me preocupo: essa estranheza dos termos mais banais há de ser somente uma fase.

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