há alguns anos ganhei uma flor de maio. que só dava flor em setembro - flores branquinhas e rosadas, que de repente enfeitavam as pontas do verde. o vaso foi ficando estreito para tanta raiz, e o que era um virou cinco. cinco vasos que na primavera pingenteavam delicadezas. no início do ano, novo milagre de multiplicação e mais duas novas mudas, essas ainda frágeis, tênues fios como raízes. desconfiei que não iam vingar.
na semana passada, porém, descobri em todas elas os botões: as pequenas contas arvoradas feito rosário que se rompesse em pleno ar. e hoje, a nova surpresa de descobrir nos dois vasos recentes, tão pequeninos e quase só folhas caídas sobre a terra, as inflamações brotando, vermelhas. sempre me assusto com essa determinação de vida - inventando raízes, tingindo novas cores, obstinando em vencer o silêncio da terra: arrebatamento a meio caminho entre a boniteza e a ferida.
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