"A experiência, e não a verdade, é o que dá sentido à escritura. Digamos, com Foucault, que escrevemos para transformar o que sabemos e não para transmitir o já sabido. Se alguma coisa nos anima a escrever é a possibilidade de que esse ato de escritura, essa experiência em palavras, nos permita liberar-nos de certas verdades, de modo a deixarmos de ser o que somos para ser outra coisa, diferentes do que vimos sendo.
Também a experiência, e não a verdade, é o que dá sentido à educação. Educamos para transformar o que sabemos, não para transmitir o já sabido. Se alguma coisa nos anima a educar é a possibilidade de que esse ato de educação, essa experiência em gestos, nos permita liberar-nos de certas verdades, de modo a deixarmos de ser o que somos, para ser outra coisa para além do que vimos sendo".
(Jorge Larrosa e Walter Kohan, na apresentação da Coleção Educação: Experiência e Sentido, coordenada por ambos na Editora Autêntica).
“Haverá talvez verdades que ficam além da linguagem e que podem ser de grande relevância para o homem no singular, isto é, para o homem que, seja o que for, não é um ser político. Mas os homens no plural, isto é, os homens que vivem e se movem e agem neste mundo, só podem experimentar o significado das coisas por poderem falar e ser inteligíveis entre si e consigo mesmos.”
ResponderExcluir(Hannah Arendt, A condição humana)
Pensei mesmo em você quando fui colocar aqui esta citação! É que ontem estava lendo uma entrevista ótima com o Jacques Rancière (que tem entre suas referências a H. Arendt), sobre o livro de ensaios que ele escreveu sobre J. Jacotot - O mestre ignorante. É o livro que inaugurou essa coleção da Autêntica, e tem provocações tão atuais, sobre as relações entre educação, sistema escolar, igualdade e desigualdade...
ResponderExcluirA entrevista está aqui: http://www.scielo.br/pdf/es/v24n82/a09v24n82.pdf
E descobri que o livro está aqui: http://www.moodle.ufba.br/file.php/10061/O_mestre_ignorante/O_mestre_ignorante-livro.pdf
A relação do Foucault com a linguagem é certamente diversa da H. Arendt porque a questão principal não é o senso comum nem a política, mas o ultrapassar os limites de nossas experiências - é uma relação ao mesmo tempo poética e estratégica. O que está colocado como desafio não é a transmissão ou a comunicação, mas a liberação.
E vou parando por aqui porque isso já tá virando um ensaio :-)
Beijos.
Adorei o Blog. Parabéns!!!
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