26 setembro, 2008

Jujubas


Ela não sabia qual a razão, mas perto dela, as pessoas começavam a contar suas histórias: detalhes, dores, alegrias...Com ele não foi diferente. Mal haviam sido apresentados e ele passou a narrar sua recente separação, o espanto de entender que o amor acaba, a nova vida de homem solteiro e a fissura por jujubas nos domingos à noite. Talvez se sentisse acolhido naquele olhar, talvez simplesmente precisasse de uma desculpa para percorrer de novo sua trajetória a procurar-lhe o sentido. Fato foi que ela o ouviu com atenção.

Mas tarde, quando já não eram mais estranhos, na primeira tentativa de se reencontrarem ela comprou jujubas - mesmo que soubesse que ele não viria realmente aquele dia. Mas as manteve ali, escondidas na gaveta da escrivaninha, junto com suas esperanças de que chegaria o tempo do encontro. E houve.

Por isso, agora, ele não come mais jujubas aos domingos, naquela hora perigosa em que o peso da repetição se faz sentir. Embora ela continue sempre deixando algumas guardadas no armário, talvez como lembrança da sorte que tiveram.

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