Queridos, a coisa por aqui anda corrida, por isso o blog está esse abandono todo. Eu não podia e não devia estar escrevendo, mas hoje resolvi roubar um tempinho para escrever um post que venho cozinhando há algum tempo, desde que a Denize fez uma provocação sobre o Dia do Livro (que foi dia 29 de outubro).
Outro dia, conversando com minha mãe e minha irmã sobre escolas e sobre o que é importante que uma boa escola tenha, acabei percebendo a centralidade das bibliotecas na minha experiência escolar.
Sempre gostei de ler, qualquer coisa que aparecesse na minha frente, gibis, livros, revistas. E na 5ª série, tive um professor de literatura muito bacana, que fazia a gente ler Fernando Pessoa. Mas até a 6ª série, as escolas em que estudei não tinham biblioteca.
Por isso, quando fui morar em Londrina, fiquei encantada com a biblioteca da escola. Era uma casinha de madeira, daquelas típicas no Paraná, plantada entre o prédio das salas de aula e a quadra. O lugar não era dos mais iluminados, mas tinha estantes lotadas de livros que ficavam à mão. Foi lá que li Ratos e Homens, Admirável Mundo Novo, 1984 e também Clarissa e Olhai os Lírios do Campo. Eu tinha só 12 anos, e não sou capaz de me lembrar bem de detalhes dos livros que li (a não ser daqueles que reli depois), mas me lembro bem da sensação que cada um deles me provocava, das experiências que eles me proporcionaram que me abriram enormes espaços por dentro.
Depois, no colegial, de novo fui estudar num colégio que tinha uma boa biblioteca, essa já mais iluminada e organizada. Os livros não ficavam tão à mão: apenas os didáticos ficavam em estantes acessíveis, para que pudéssemos pesquisar e fazer a lição de casa. Porém, ao final dos 4 anos em que fiquei lá (fiz Magistério), eu adquirira passe livre para encontrar os livros de meu interesse nas prateleiras restritas às Irmãs. Lembro-me até de um período, ao final do 3º ano, em que eu já havia passado em algumas disciplinas e fui dispensada de fazer prova. Então, como era obrigada a permanecer na sala de aula, foi uma fase em que lia por dia um ou dois livros, desses que se chama de literatura infanto-juvenil!
Foi por ter permissão para olhar nas estantes, por exemplo, que além de literatura também pude ter acesso à livros sobre Educação que não haviam sido indicado pelos professores. Foi assim que li estudos baseados em Foucault pela primeira vez (e foi assim que o Foucault virou epígrafe do meu trabalho de conclusão de curso, fascinada que fiquei pela idéia dos "jogos de verdade"...). Lembro-me até hoje de minha professora de Psicologia muito contente de descobrir comigo Foucault e toda a reflexão sobre a educação que se fazia a partir dele.
É claro que se eu já não gostasse de ler, talvez o simples fato da biblioteca existir não me provocaria o desejo de estar entre os livros. Em casa, sempre teve muito livro, e eu herdei da minha mãe o mergulho na leitura que nos torna, enquanto a leitura durar, incomunicáveis. Mas a existência das bibliotecas, o fácil acesso a elas, transformou o que era gosto em exercício constante - ou compulsão, se vocês preferirem, basta uma olhada nas estantes aqui de casa :-)
* Ontem estive na Feira de Livros da USP (mínimo de 50% de desconto). Consegui me controlar e não comprar livros-de-sociologia-muito-interessantes-que-não-vou-ler-num-futuro-próximo. Mas não tive a mesma sorte com os livros infantis... Voltei pra casa com 9 livros novos, da Cosac&Naif, Brinquebook e Girafinha. Ontem mesmo, antes do Rô dormir, já tive que contar umas três histórias. E tive que contar cinco vezes a história da Galinha Xadrez.
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