08 junho, 2009

Tudoaomesmotempoagora

- Passado o furacão, agora é hora de ir colocando, de novo, os pés no chão. Que anda gelado, diga-se de passagem: dá até vontade de hibernar debaixo de uma porção de edredons...

- Ontem, eu estava fazendo preguiça na cama, de manhã. Mas o Rodrigo já tinha acordado fazia tempo e estava na sala, brincando enquanto o pai assistia corrida e programa de pescaria. Aí, mal aguentando minha própria preguiça, gritei o Rô: "- Fiiilho, vem me salvar, que a cama não me deixa sair...". Mais do que depressa, lá veio o meu pequeno herói, fita de cetim azul na mão, me socorrer. Lançou a fita e foi me puxando, puxando, até que a cama me soltou :-)

- Ontem, ainda, fomos na Liberdade, comprar "misturinha de arroz" (furykake), que o Rô adora. Trouxemos um estoque pruns três meses, e ainda compramos um de Snoopy, lindinho, que tem vinte envelopinhos. Só espero que seja bom...

- E no sábado, eu tinha visto o Rodrigo passar a mão no cabelo, pra tirar da cara. Aí, comentei: "- Puxa, filho! Seu cabelo já está comprido de novo? Já vamos ter que cortar?". Ele riu, e me tascou: "- Não, mãe. A gente compra um gel"! Como eu tinha que ir à Sumirê (adooooooro), aproveitamos e perguntamos se tinha gel de criança. Vocês não imaginam a cara do ser quando ouviu que tinha um gel infantil do Cebolinha! Ele abriu um sorriso de erradicar apagão! Aí, no sábado mesmo, assim que saiu do banho, Edu teve que passar gel e pentear o menino, que estava todo orgulhoso com seus cabelos... Eita delícia de felicidade simples de conseguir!

- Nas três semanas que fiquei na minha mãe, fiquei besta de constatar, mais uma vez, como minha mãe é um mulherão. Ela não usa mais aquelas saias rodadas que usava na minha infância, mas continua o mesmo transbordamento de feminilidade. Vou ter cinquenta anos e continuar querendo ser como ela quando crescer: bonita, cheirosa, elegante... Fora que ela é muito leonina, né? Ela chega em casa e a casa se enche de vida e som. E nesse convívio prolongado, e sem filho, é que me dei conta de como sinto falta dessa convivência mais cotidiana e sem pressa. Um privilégio, ter roubado três semanas de ser (só) filha de novo...

- Nessa reta final, aprendi outro significado para o "desdobrável" do poema da Adélia Prado: mulher não é desdobrável só quando "se desdobra" em duas, três ou mil pra dar conta de tanto; mulher é desdobrável principalmente quando se desdobra da identidade que ameaça lhe aprisionar e se reinventa, se dilata, e transforma o que sonha para si mesma. Desdobrar-se não é se virar em mil para corresponder às milhares de expectativas, aprendi: é respirar fundo e identificar a expectativa que mais importa, a mais radical e então mandar todas as outras passear, sem (muita) culpa.

3 comentários:

  1. Fa, bom observar que aos poucos você vai recuperando sua facilidade para expressar o que sente. Obrigada por suas palavras. Melhor foi ouvir o Padilha dizer que fazia deles as suas palavras. Beijos minha filha. Que escrever ainda t traga muits coisas boas na sua vida. Apesar das crises, parabéns por seu trabalho.

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  2. adorei tua leitura de Adélia... delícia pura!

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  3. Amei o último parágrafo. Sem palavras pra dizer o quanto! ;)
    Bjos.

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