17 junho, 2009

Geléia de pitanga


No último mês e meio, com toda a correria e o cansaço e a pressão, chorei muitas pitangas. Aqui, talvez nem tanto, mas só porque estava ausente. Os amigos próximos, porém, sabem o quanto houve de luto entremeado ao alívio de estar chegando ao fim (de um looongo processo). Então, esta semana cansei de chorar as pitangas e decidi cozinhá-las, adoçá-las, esquentá-las, sorvendo bem o cheiro e o gosto enquanto elas depuram e me deixam só com sua essência agridoce.

Porque teve também alegria, teve também muito prazer em poder ter ultrapassado (Maurice! Nunca mais vou me livrar dessa figura?) uma determinada maneira de pensar e de me colocar diante de um problema, teve também o prazer de ver as fichas caindo tantas e tão rapidamente... O fim foi f%D*, mas o percurso teve muitos momentos bacanas. Teve andar de mão dada com meu filho, teve reencontrar o Edu no meio do caminho, teve trazer gente querida de novo pra perto... Teve a dor e a delícia de recomeçar, de me despedir de muitos pedaços de mim. Teve a surpresa boa de experimentar esse espaço aqui, e de vez em quando receber umas doçuras inesperadas e provavelmente imerecidas (como esta)... Teve a necessidade premente de escrever e comunicar e a necessidade igualmente premente de silenciar. Teve memória e sonho novo, música, imagem e palavra... Teve aceitação e acolhimento. Teve também revolta e melancolia (título de um livro do Michel Löwy, que só a terapia explica como veio parar aqui...). Teve esperneio e abraço.

Teve. Tem e terá.

Ô geléiinha cheia de açucar e azedo! Boa de comer lambendo os dedos.

E ouvindo Julieta Venegas:


Um comentário:

  1. Ai, Bi! A culpa é do Foucault... E como eu acho que vc não vai se livrar do Foucault, então é melhor se acostumar! :-)

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