Essa música me leva de volta ao apartamento que ela tinha na Av. Angélica, às compras à meia-noite no Pão de Açucar, às viagens de ida e volta para São José, embaladas pela fita que ela me gravou. Mas também me leva para o momento-quando eu lia o Caio com voracidade, mergulhando muito mais fundo que o aconselhável em sua literatura dolorida; me leva para a urgência que havia em escrever e experimentar a escrita; para os domingos de leitura de poesia no escritório do Chamie, com Nilton, Rodrigo e Fábio; para as festas de todas as quintas-feiras na república do Vini, do Rodrigo, do Zé e do Chico; para os domingos de Consolação vazia, em que a Márcia e eu íamos para as oficinas de teatro no Maria Antônia; me leva de volta àquela certeza de que a vida é curta e frágil que sucedeu à morte da Fá; para os tempos em que o lugar mais doce do mundo era ao lado do Emílio; me leva, enfim, para treze anos atrás. E não tenho a menor idéia de como fui parar lá, hoje. Assim. Tão de repente.
Se te pareço noturna e imperfeita/ Olha-me de novo. Porque esta noite/ Olhei-me a mim, como se tu me/ olhasses. E era como se a água Desejasse/ Escapar de sua casa que é o rio / E deslizando apenas, nem tocar a margem. Te olhei. E há tanto tempo/ Entendo que sou terra. (Hilda Hilst)
21 junho, 2009
(passado)
Essa música me leva de volta ao apartamento que ela tinha na Av. Angélica, às compras à meia-noite no Pão de Açucar, às viagens de ida e volta para São José, embaladas pela fita que ela me gravou. Mas também me leva para o momento-quando eu lia o Caio com voracidade, mergulhando muito mais fundo que o aconselhável em sua literatura dolorida; me leva para a urgência que havia em escrever e experimentar a escrita; para os domingos de leitura de poesia no escritório do Chamie, com Nilton, Rodrigo e Fábio; para as festas de todas as quintas-feiras na república do Vini, do Rodrigo, do Zé e do Chico; para os domingos de Consolação vazia, em que a Márcia e eu íamos para as oficinas de teatro no Maria Antônia; me leva de volta àquela certeza de que a vida é curta e frágil que sucedeu à morte da Fá; para os tempos em que o lugar mais doce do mundo era ao lado do Emílio; me leva, enfim, para treze anos atrás. E não tenho a menor idéia de como fui parar lá, hoje. Assim. Tão de repente.
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:)
ResponderExcluirAcho que nunca mais escutei Bjork.
Beijo,
Tati.
Oi, querida! E Portishead? Eu adorava aquela fita feminina... E os capuccinos feitos no microondas... E também a fita masculina, cheia de Radiohead e The Verve! Beijos e saudade.
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