25 fevereiro, 2009

Duplas de dois

Só ia escrever de novo amanhã, mas já que tô aqui no meio vapor por causa da gripe e também já que acordei com lembranças de músicas surreais na cabeça, resolvi escrever.

Minha mãe sempre foi musical - lá em casa eram vários LPs e fitas cassete, dos mais variados artistas. A coisa era bem eclética mesmo e minha mãe soltava a voz cantando. Tinha muita música popular brasileira, mas depois que minha mãe voltou dos EUA, tinha também muita Shirley Bassey, Elvis Costello...

(Talvez aí esteja a origem da minha síndrome de qual é a música. Ou talvez tenham sido muitas viagens à Londrina, em que minha irmã e eu íamos inventando jogos para diminuir o longo tempo da viagem. Uma das brincadeiras preferidas era lançar uma palavra difícil para que a outra pensasse em uma música que tivesse a tal palavra na letra).

Comecei a pensar nessas coisas porque hoje acordei com uma música na cabeça de, ninguém mais, ninguém menos do que... Antonio Carlos e Jocafi! Estranhamente - já que eu tenho uma memória rídicula e decoro tudo quanto é letra de música - não consegui me lembrar da letra, só da melodia. Mas aí me lembrei da fita onde ela estava gravada, dos finais de semana quando ela tocava... Consegui lembrar só do refrão: "se tá com raiva/ seu caminho é outro/ pega a porta aberta/ siga o corredor". Alguém conhece e pode me contar, por favor, que senão vou ficar semanas até conseguir enfim lembrar o raio da música?

Porque lembrei do Antonio Carlos e Jocafi, que tinham algumas músicas labreguentas - tentando encontrar a tal da música que martela na minha cabeça, reencontrei Aventureiro por exemplo ("Tempo, vê se dá sossego/ que eu já tenho medo até de chorar/ tempo, traz uma notícia/ pro meu coração de novo acreditar/ Quando ela bateu a porta/ com olhar de pouco importa se eu morrer..." Dessa eu lembrava a letra inteira, como bem comprova o maridão que foi obrigado a escutar a interpretação!) - me lembrei de outra dupla que eu adoro: Kleiton e Kledir.

Essa acho que gosto por causa do meu pai. Ele adorava tocar "Paixão" no violão: "Amo sua voz e sua cor/ e o seu jeito de fazer amor/ revirando os olhos e o tapete/ suspirando em falsete/ coisas que eu nem sei contar". E eu adorava aquela outra que dizia: "fecha a luz, apaga a porta, vem me carinhar"... Tudibão! Mas a música mais labreguenta deles nem é essa, e sim "Tô a fim de ficar contigo", que tem os versos "Se a gente arrasou, do jeito que era, imagina uma oitava acima"! (essa eu só conheci mais velha, quando o Vini me deu um CD deles de presente de Natal).

O Rô também gosta de Kleiton e Kledir, por causa das músicas da Estrela e da Maria Fumaça: é só eu cantar pra ele "Mas cadê esse guri? Tá na fila do xixi!" que ele se acaba de rir :-)

Podia falar também do Sá e Guarabira. Nossa, como eu gostava deles. Quem se lembra da trilha de Roque Santeiro (eram dois LPs)? Tinha muito Sá e Guarabira, sempre ótimos! E Sá e Guarabira também me faz lembrar a Ju B. e nossos mergulhos musicais, nossas idas a shows, nossos finais de semana regados a Belchior.

Eita, quanta lembrança gostosa! Para colorir a quarta-feira de cinzas.

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