22 outubro, 2008

Tomás

"A cidade toda/ Veio ver o Tomás
Que nascera, que maravilha/ O menino, filho da filha
Que dormia em paz/ Sonhava que juntou
Os tios os pais/ Com todos os demais"
(Baião do Tomás, Luiz Tatit)


A gravidez não planejada abrira chance de trégua naquela guerra que vinham travando todos os dias, em tentativas desajeitadas de chegar a um veredicto sobre se valia ou não a pena de ficarem juntos.

Ainda assim, a tensão crescia no mesmo ritmo da barriga dela. Expectantes, não haviam ainda tomado decisão alguma até aquele dia, em que o trabalho de parto começou.

Na casa que era deles, preparando-se para a chegada do filho tão inesperado, conversaram longa e honestamente – como quando haviam se conhecido. Enfrentando, ao mesmo tempo em que enfrentavam as dores das contrações, a dor maior ainda da possibilidade de separação.

Nove horas depois, quando o filho nasceu e ela pôde enxergá-lo, vendo nele os olhos do marido e o mesmo jeito de dormir (com as mãos sobre os olhos) que tanto a enchia de ternura desde as primeiras noites passadas juntos; e ele pôde enxergá-lo, vendo a boca igual à da mãe e a mesma pinta que ele tanto amava plantada ali no ombro esquerdo, deixaram-se convencer de toda sua história em comum que o filho tão docemente encarnava. E sentiram-se capazes para decidir: nasceram pai e mãe; renasceram marido e mulher.


Um comentário:

  1. Gosto da positividade do texto :)


    e obrigado pela visita e comentário lá no FPS, fico lisonjeado!

    Espero que goste do livro! E, só pra lembrar, se quiser autografado, pode encomendar comigo...

    beiJardins

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