13 outubro, 2008

Festa


Hoje o Rodrigo completa três anos de vida fora da barriga.

Deve ser um dos aniversários mais esperados dos últimos tempos, porque - como muitas crianças - o Rodrigo passa muito tempo preocupado em crescer, fazendo planos para "quando eu for grande; quando eu crescer e ficar grande igual o papai".

Desde o semestre passado que ele estava esperando o dia dele chegar. O que me obrigou a marcar alguns acontecimentos intermediários que lhe ajudassem a compreender a passagem do tempo: aniversários de família, férias, festas...E não é que com essa sucessão de datas e compromissos o tempo passou mesmo muito, muito rápido? E cá estamos nós: três anos depois do dia em que pudemos olhar o Rô nos olhos pela primeira vez.

No primeiro ano de vida do Rô, ainda conseguia estar mais perto dele, acompanhando cada pequeno passo. Escrevendo as crônicas de conviver com ele no "Livro de Histórias do Rodrigo". Parei no volume 2.

Porque no segundo ano vieram trabalhos, os prazos do doutorado, minhas crises tão intensas...Embora juntos, embora perto, fomos dando mais passinhos nesse processo interminável de diferenciação entre mãe e filho. Ele foi se tornando cada vez mais uma pessoinha distinta de mim, embora ainda cuidássemos de nossos momentos de fazer de conta que ainda éramos um: a amamentação, o dormir pertinho, os passeios no sling...

Mas não dá para parar a vida, mesmo que seja para ver uma pessoa florescer. E nem estou falando só da minha, mas também da dele: que este ano aprendeu a falar mais e mais, a dizer do que sente, a fantasiar e a ter medo, a dizer "não" com veemência, a chorar não só de dor de corpo, mas também de dor de alma. Ele também aprendeu - aprendemos - outros rituais de acalentar, deixando de lado aqueles que conhecíamos. Primeiro, ele deixou de caber no sling; depois, meu joelho dolorido dificultou nossos passeios de mei-tai; depois, foi a conquista da própria cama, que ele fez com alegria, aproveitando a presença das irmãs mais queridas, nas férias; finalmente, deixou de mamar, sozinho, sem grandes crises - parou de vez há uns dez dias.

Cresceu. Cresce muito esse meu menino. Cresce nas brabezas e também nos carinhos; cresce nas mágoas e também nos perdões. Cresce e se intensifica: está vivo, afinal.

Rodrigo, meu filho: você que já me ensinou tanto, me ensina a delicadeza de fazer o tempo se demorar? Só para que eu aprenda com calma e amor, no meu corpo, a te parir pro mundo sem me ressentir da rapidez com que você corta o cordão umbilical? Me ensina, filho, a te amar soltando a mão?



* Acalanto, do Dorival Caymmi, é uma das músicas prediletas do Rodrigo. Já o vi, inclusive, cantando pro Amigão, para fazê-lo dormir :-)

Imagem: http://www.meusparentes.com.pt/blog/category/divertido/page/2/pt/

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