11 junho, 2011

apetência

Tudo começou assim: há uns dez dias, comprei um mangá chamado Gourmet. E devorei em dois dias, porque as histórias são curtas, a gente quer saber o que vai acontecer com o protagonista, e além do mais é leitura saborosa por demais!

São dezoito cenas, que parecem curtíssimas, mas só porque a narrativa é tecida por desenho e palavras. Fosse possível colocar em palavras tantas minúcias, certamente o livro daria um romance ;-) Fato foi que o protagonista parece sempre com fome, e os pratos que ele encontra pelo caminho são ao mesmo tempo tão simples, mas tão adequados... que eu lia e só pensava em ir até a Liberdade e comer, comer, comer... Cada história traz a visão e a descrição do prato, em detalhes. Juro para vocês que dá para sentir o cheiro da comida sendo preparada, os cheiros dos pequenos restaurantes onde ele entra...

Por conta de tudo isso, fiquei morrendo de vontade de comer comidas japonesas. Só que a gente anda com uma certa escassez aqui no bairro de lugares onde comprar ingredientes com variedade e a preços honestos. Depois que o hortifruti que ficava onde era a CAC fechou (a gente passou um final de semana por lá e o terreno estava todo aplainado!), ficamos sem opção. Até abriu uma lojinha bem bacana e não muito cara na Heitor, mas nem sempre eles têm as coisas. De todo modo, foi até lá que fomos sábado passado, para comprar coisas para fazer Udon e também algumas conservinhas para comer com goham.

Semana passada, então, o final de semana teve goham com conservinhas e guiozas, o udon delicioso do Edu e ainda sobrou caldo prum lamen no domingo à noite.

Eu achei que toda essa comilança tivesse acabado com a minha gulodice pós-mangá. Mas eu estava enganada (inclusive, depois de tanta comilança, dá para dizer que eu estava redondamente enganada :-P). Por isso, hoje aproveitamos a manhã ensolarada para ir à Liberdade, passear, comer bolinho de legumes delicioso na barraquinha da Batchã mais fofa desse mundo, namorar panelas elétricas de arroz e, claro, abastecer o freezer com pão chinês e moti bem fresquinho (aprendi no final do ano passado, com a moça da feira que me vendeu o moti para o ano novo: quando ele está bem fresquinho, é só congelar e tirar uns vinte minutos antes de preparar!), comprar conservinha de nabo, umeboshi, obentô pro almoço. E é tão gostoso passear por lá sem pressa, namorar vitrines de comidas, sentir o perfume de comida que começa a sair dos lugares mais pequenininhos e inusitados...

É engraçado que não é uma fome só de comida. É uma fome de revisitar sabores conhecidos, de saborear as misturas do doce com o amargo com o azedo, de reencontrar um passado que nem é meu... uma fome de satisfazer a alma, como se possível fosse.

Deve ser por isso que o personagem está sempre com fome, mas também sempre cheio. Aprendi essa semana, com a médica, que o adoecer nunca dá espaço para que duas dores coexistam: uma sobrepuja a outra. Vai ver que ter fome sobrepuja outras faltas. Vai ver estar cheio reativa faltas que latejavam em silêncio. Porque saudade não faz ponhóinhóim na barriga, mas dói também. E nem toda voracidade do mundo é capaz de disfarçá-la.

E para não ficarmos sem música, hoje, dia 24, numa não-categoria (já que só lembrei da música ao escrever o post) vamos de Titãs, "Comida". Que a gente quer inteiro, e não pela metade.

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