23 novembro, 2010

sal


um saco de sal é o tempo que se leva para conhecer alguém. pelo menos assim repetia sempre a minha avó.
hoje de manhã, fui guardar o sal da última compra de supermercado e descobri outro saco, ainda fechado. e um de sal grosso, ido pela metade.
o marido às vezes reclama da falta de sal da minha comida. outras, se sente cuidado e nem reclama.
a mesma avó me dizia que esquecer o sal era coisa de gente apaixonada.
eu não esqueço: só economizo. comida salgada demais me distrai a língua. prefiro sentir o gosto do que estou comendo.
o saco de sal aqui demora para acabar.
acho que o marido faz estoque para alimentar o tempo da gente se conhecer. para temperar o tempo da gente se conhecer. para rememorar que estamos sempre começando a nos conhecer.

Imagem: daqui.

4 comentários:

  1. Ficou lindo o novo visual do blog. Adorei! Minha mãe também tinha esse ditado, e eu acredito nele, no meu caso seria um saco de alho, porque é o que mais uso nas minhas comidas...Rsrsrs.Lindo texto, obrigada por sua delicadeza ao escrever.

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  2. Silvia, eu é que te agradeço pelo carinho de sempre!Quer dizer que você adora por alho em tudo? Mas alho é bom mesmo! Também não dá pra faltar - para temperar a comida e para espantar os vampiros ;-)
    Que bom que gostou do novo visual; depois que escolhi, até lembrei que já usei esse modelo antes. Fazer o quê? Sinal que gostei mesmo...
    Beijos.

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  3. Tata, não é mesmo?
    e enquanto escrevia este texto me lembrei de uma historinha que tem no cd do Pandalelê: o pai, rei, pergunta às filhas o que elas querem e enquanto as duas mais velhas pedem jóias e preciosidades, a mais nova pede sal. O pai a expulsa de casa e ela se disfarça de velha para tanger patos. O príncipe do castelo onde ela trabalha desconfia de sua voz e de suas maneiras e descobre que ela é aquela linda moça. Ele a pede em casamento, ela convida a família toda, e combina que todo o banquete deve ser feito sem sal. Somente ao fim da festa é que ela deixa que sirvam sal e então dá uma lição de moral no pai, contando a ele que o insosso da comida era de propósito, para ele ver que se podia viver sem jóias e enfeites, mas não sem sal, que é tão essencial quanto o amor.
    Vixe! Quanta história de sal, né?
    Beijos.

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