01 novembro, 2010

Rebento

 
Vá lá, vá lá, que o dia hoje é de festa! Depois de uma das campanhas mais horrorosas desde 1989, elegemos a primeira mulher presidenta do país, para dar continuidade a um projeto de país mais justo, mais equitativo, mais solidário.

No primeiro turno, eu já tinha ficado muito emocionada de ver a foto da Dilma na urna, antes de apertar "confirma". Depois da imensa vitória de termos um presidente operário por oito anos - e um bom presidente, vale dizer -, elegermos uma mulher para ocupar o posto mais alto do país, e uma mulher com a trajetória da Dilma - que combateu a ditadura, que trabalha um montão, que aceitou entrar nessa disputa e que aguentou o tranco das acusações, dos boatos, das infâmias todas que pontuaram o processo eleitoral... olha, não é pra qualquer uma. Eu não tenho a menor dúvida - a despeito do esforço desesperado dos jornais de dizer o contrário - que ela ganhou por seus próprios méritos e por representar um projeto de governo diferente do proposto pelo outro candidato. Não foi só o carisma do Lula que a elegeu. Ainda que ela por vezes tenha ficado nervosa nos debates (quem não ficaria?), nas entrevistas em que a vi ou em que a ouvi falar ela estava sempre segura, firme e clara.

Por isso, ainda que eu tenha muitas angústias com o momento que vivemos atualmente (pois que essas  primeiras eleições após 8 anos de um governo inclusivo trouxeram à tona ressentimentos e conflitos que ficavam submersos no dia-a-dia miudinho do nosso viver, e eu não sei bem como enfrentaremos o desafio de lidar com eles), depois de semanas de trabalho e agonias, hoje vou me dar a licença da celebração - o direito de rebentar em lágrimas e em festa pelas possibilidades que a eleição da Dilma abrem. Vou me dar o direito à esperança que esse momento seja um novo nascimento - que alargue as margens do possível, que nos permita ser um país (ainda) melhor na invenção de um jeito próprio de lidar com as contradições e os conflitos que fazem parte da nossa história e de nosso momento atual.

Então, só por hoje, vou deixar o exercício do pensamento pra amanhã.



Imagem: Marcello Casal Jr., na Rede Brasil Atual.

4 comentários:

  1. Lindo e emocionante. A lembrança de um domingo e quem sabe de mais 4 anos de trégua. Beijo

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  2. Fabiana...Tão querida em seus textos. Também me emocionei muito com essa vitória de alto nível, foi muito bom. Mostrou que as pessoas não são mais tão inocentes, e que queremos conquistar mais. Gostei ainda mais de ver o show que o Zé Dirceu deu no Roda Viva, da cultura, na segunda. Se você não viu, veja no blog do Azenha. Vale a pena. E foi muito legal levar meu filho para votar junto comigo, e ele reconhecer a Dilma na foto da urna.
    Obrigada por ser quem você é.

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  3. Inês, a lembrança é boa, mas não tenho muitas ilusões: serão 4 anos de trabalho, sem trégua. O que diminuiu os possíveis significados da vitória, nem um pouco. Beijo.

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  4. Oi, Silvia, obrigada pelo carinho imenso.
    Li comentários sobre o Roda Viva, mas ainda não tive tempo de assistir.
    Que bacana seu filho reconhecer a Dilma! Tão legal, ter no horizonte que uma mulher pode ser a presidente...
    Um beijo.

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