24 dezembro, 2011

abeirar-se

não sei, não sei. há tempos que percebo que o final de ano, com seus ritos de renascimento e renovação, mudaram de sentido (não vou dizer "perderam" para não parecer uma velhinha rabugenta. e também porque sentido é a gente que dá, então se aquele ficou gasto, ninguém disse que não dá para construir um novo). mas este ano, especialmente, a mudança parece que ficou mais palpável, mais nítida. por isso esse esforço de agarrá-la com palavras.
esse fim de ano me trouxe uma preguiça maior. preguiça da correria e do frenesi. mas ao mesmo tempo me trouxe uma energia boa, que obriga à permanência. nesses tempos, precisa de muito mais pique pra parar que pra continuar no fluxo.
talvez por isso esse intervalo entre o fim de 2011 e o começo de 2012 me tenha obcecado com a imagem da beirada: borda da piscina, orla da praia, margem do rio. todas essas beiradas em que a gente se apoia, podendo hesitar antes de se curvar em mergulho. a sensação boa do piso firme e da desnecessidade da pressa. mas também a sensação boa da iminência da água, fria ou quente, doce ou salgada, rasa ou funda, parada ou correnteza. na beira a gente antecipa a sensação, aprende a decidir.
então, nessa beirada de 2012, meus votos são que a gente tenha sempre essa borda firme pra onde correr - um descanso, um respiro, uma mão dada. e que a gente tenha também a coragem do salto (pois a beirada também é do abismo). companhia e coragem. será muito?

2 comentários:

  1. perfeito, Fabi!
    bela imagem...
    desejo o mesmo pra você num feliz 2012!
    bordas e saltos, boa e doce companhia e muita coragem sempre!
    beijo!

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  2. obrigada, Dani! Desejo o mesmo para ti. Beijo!

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