e então eu olhava aquele homem jovem, com barba macia e bem aparada e pensava "como pode, tão jovem, escrever como um velho?" e ele era o saramago; O saramago, estranhamente tão jovem e tão bonito. E eu olhava para ele, entre espantada e atônita, querendo adivinhar naquele homem de barba macia e olhos claros o que havia de sabedoria e depósito de vida vivida. Olhava, olhava, e não acabava de olhar, próximos todos de um carro que estava de partida. As portas abertas, e ele tão estacado, sem nenhuma menção no corpo de entrar (ou de partir). Paralisado na minha admiração. E eu estranhava aquele homem tão jovem e tão belo, tão altivo e tão famoso, O saramago. Quando lembrei: Saramago está morto. Com susto por detrás do coração. E eu absolutamente confusa diante daquele homem que não pode ser saramago, que até então era saramago, que podia ser filho de saramago, tão bonito e tão jovem, tão esfinge. Feito sonho indecifrável.
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