os quadros, tão vívidos, me dão inveja. ou ao menos uma espécie de inveja: entre a admiração e a vontade de chegar ali, perto daquela conquista. na tela se fixa, além da imagem, a força da pincelada, a alquimia das cores, a pressa ou o cuidado, a fúria ou a delicadeza - uma parte do estado de espírito de quem derramou a própria urgência na trama branca.
as palavras, frente a essa experiência de ver, um pouco inodoras, insípidas e incolores. o arranjo da forma posto no mundo sem vestígios daquele que riscou as letras no caderno, a traçados leves e apressados ou em ponta de lápis firmemente apertada - as páginas seguintes a ecoar a escritura.
no tóxico da tinta que inebria se preserva o pintor. na seiva que escorre das entrelinhas, abranda a sede infinita do leitor.
no silêncio colorido do museu, me impaciento com as palavras, premidas entre o bonito e o útil. e fico querendo saber o mundo com os olhos e as mãos.
no silêncio colorido do museu, me impaciento com as palavras, premidas entre o bonito e o útil. e fico querendo saber o mundo com os olhos e as mãos.
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