Já faz um tempo, mas eu ainda não tinha ainda tido a calma para escrever.
No meio da gripe do Rodrigo, estávamos nós dois sentados no sofá em plena quarta-feira à tarde e, enquanto ele assistia desenhos, eu passeava por blogs. Nesses passeios, fui visitar o da Julia, minha enteada do meio (na verdade, só tenho duas enteadas, mas como penso no conjunto dos filhos da família, ela é a do meio, entre a Bia, a mais velha, e o Rodrigo, o mais novo, e não tem jeito de eu falar de outro jeito).
Comecei lendo a última postagem, feliz que ela começara a postar trechos de um livro que está escrevendo (sim, ela escreve, e bem!). Aí fui passando para a postagem de baixo, desavisadíssima. Lia e parecia que não entendia, lendo ali um pedaço da nossa história, os olhos enchendo de lágrimas, o susto de quem foi pego desprevenido. Rodrigo, ao meu lado, me olhando meio consternado: "mamãe, por que você tá chorando?". Expliquei: "é que a Julia escreveu uma coisa muito bonita e a mamãe está muito emocionada". Acho que a resposta foi satisfatória, porque ele voltou a assistir seu desenho.
À noite, quando as meninas chegaram, tentei - envergonhada e delicadamente - contar para a Julia que tinha lido. No que fui absolutamente frustrada pelo meu filhote dedo-duro, que de cara entregou "É, ela viu. Chorou muito!". Com mais vergonha ainda, só me restou agradecer. É que tem coisas que é difícil mesmo pôr em palavras, ainda mais essas, tão cheias de sentimentos.
Quando conheci o Edu, conversamos por longas horas, e ele me contou das suas filhas. Depois disso, demoramos a nos reencontrar, o meio tempo entremeado por mensagens que foram se tornando cotidianas, e ele sempre me falando delas, do bom gosto musical e da inteligência da Bia, da doçura, sensibilidade e bailarinagem da Julia. Então, logo que começamos a namorar, foi ao mesmo tempo estranho e natural que ele logo quisesse me apresentar a elas.
Deu medo, confesso. Início de namoro nunca é fácil - mas ser apresentado aos filhos, ainda mais quando o pai é como o Edu, cuidador zeloso e apaixonado, dá mais frio na barriga que ser apresentado aos pais. Faz tudo parecer mais sério. De modo que, uma semana depois de começarmos a namorar - uns três meses depois de nos conhecermos - lá fui eu conhecer as meninas.
Minhas lembranças são muito parecidas com as da Julia - fim de tarde, Edu preparando um yakissoba, a descoberta de amigos em comum, e enquanto a Bia conversava e contava histórias, a Jú, envergonhada, parecia querer se esconder atrás (ou dentro) do Edu.
Em começo de namoro, a gente sempre é convidado a se ampliar por dentro, abrindo espaço para a outra pessoa. Eu, privilegiada, tripliquei meu espaço interno para acolher os três, que também me acolheram e aceitaram. Sem pressa alguma, fomos todos aprendendo a ser essa nova família.
Nesses nove anos desde o início do namoro, vi as duas crescerem, virarem mulheres lindas, inteligentes, absurdamente queridas.
De modo que eu só tenho a agradecer, pois sem as duas, certamente eu também não seria quem sou hoje - sem elas, talvez não haveria tanta preocupação em fazer o apartamento de homem do Edu ficar mais parecido com uma casa-lar, nem haveria cuidado em preservar tempo no meio de mestrado/doutorado para estar com elas e vê-las crescer, nem haveria uma porção de filmes, músicas e séries descobertas e partilhadas.
Aliás, talvez não houvesse nem casório, já que foi a Júlia a me dar um ultimato, na lata, no estacionamento de um hortifruti que nem existe mais: "mas você quer casar com o meu pai, né?". Engoli mais seco do que se fosse um pedido de casamento :-)
O amor, o carinho, a admiração são recíprocas, Ju, tenha certeza.
Minhas lembranças são muito parecidas com as da Julia - fim de tarde, Edu preparando um yakissoba, a descoberta de amigos em comum, e enquanto a Bia conversava e contava histórias, a Jú, envergonhada, parecia querer se esconder atrás (ou dentro) do Edu.
Em começo de namoro, a gente sempre é convidado a se ampliar por dentro, abrindo espaço para a outra pessoa. Eu, privilegiada, tripliquei meu espaço interno para acolher os três, que também me acolheram e aceitaram. Sem pressa alguma, fomos todos aprendendo a ser essa nova família.
Nesses nove anos desde o início do namoro, vi as duas crescerem, virarem mulheres lindas, inteligentes, absurdamente queridas.
De modo que eu só tenho a agradecer, pois sem as duas, certamente eu também não seria quem sou hoje - sem elas, talvez não haveria tanta preocupação em fazer o apartamento de homem do Edu ficar mais parecido com uma casa-lar, nem haveria cuidado em preservar tempo no meio de mestrado/doutorado para estar com elas e vê-las crescer, nem haveria uma porção de filmes, músicas e séries descobertas e partilhadas.
Aliás, talvez não houvesse nem casório, já que foi a Júlia a me dar um ultimato, na lata, no estacionamento de um hortifruti que nem existe mais: "mas você quer casar com o meu pai, né?". Engoli mais seco do que se fosse um pedido de casamento :-)
O amor, o carinho, a admiração são recíprocas, Ju, tenha certeza.
linda demonstração de carinho da Júlia... (pois é... eu como boa blogueira não resisti a dar uma espiadinha)... é muito bom saber que ainda existem esses sentimentos... tão verdadeiros... e que dão mais frutos com o passar dos anos... Parabéns a vocês pelos blogs (não consegui comentar no dela... tento depois)e felicidades em família... muitas felicidades...
ResponderExcluirObrigada, Sil. Felicidades para ti também. Beijos!
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