Depois da Veronika ter escrito lá no Piperca (apelido super simpático e charmoso inventado pela Neide) sobre a importância de, nos piqueniques, levarmos algo mais ao paladar dos pequenos - que, em geral, correm, exploram, brincam e pulam e quase não comem - tinha ficado pensando no que levar. E aí, na semana passada, fui começar a (tentar) trabalhar e marido tinha deixado aberto o blog do Katsuki, num post sobre piquenique. Então, resolvi: ia levar pão com ovo.
A decisão me levou longe no tempo. Quando eu estava na 5ª série (a antiga, que a gente fazia aos 10 ou 11 anos), minha melhor amiga era a Anna Carla. A gente se conhecia desde a 4ª série, e já éramos bastante amigas - eu achava o máximo o fato dela ser chilena e adorava visitá-la, para ouvir a família toda falando em espanhol... Além disso, seus pais eram separados como os meus, o que me fazia me sentir um pouco menos anormal (naquela época, eu só tinha duas amigas cujos pais tinham se separado, a Anna e a Paola).
Depois que a mãe dela se casou de novo e engravidou, eles se mudaram para uma casa mais longe, o que tornou nossas visitas menos constantes. O engraçado é que pouco me lembro da nova casa deles, mas me lembro bem do encantamento de andar no trailer da família. Era simplesmente o má-xi-mo!!
Mas me lembrei da Anna Carla porque, enquanto ela ainda morava mais perto e as visitas eram mais comuns, eu adorava dormir na casa dela. Aos finais de semana não haveria tanta graça; eu gostava mesmo era de ir dormir lá em dia de escola. A gente brincava, papeava até cansar e, no dia seguinte, a mãe dela nos acordaria cedo, nos faria café e prepararia a iguaria tão cobiçada: um sanduíche de pão com ovo, em pão francês.
Eu não sei bem o que me encantava mais - que a mãe dela preparasse o lanche (acho que eu levava bolachas de pacotinho ou, mais tarde, dinheiro para comprar algo na cantina), que ela se preocupasse com o meu lanche, que na hora do recreio (eita palavrinha velha!) eu tivesse aquele segredo de ovos guardado na mochila... O fato é que, por muito tempo, quando eu queria uma comida de conforto, daquelas que imediatamente fazem a gente se sentir acolhido e amparado, frequentemente minha escolha recaía sobre um pão francês com ovo. Comida que, pra mim, sabe a cuidado e partilha.
E que alegria foi ver a criançada comendo os tais sanduichinhos, recheadinhos de salada de ovos e de memórias de infância!
Pão com ovo na hora do recreio!!!! Me arrepiei todo lendo seu post. Meus pais estão juntos até hoje, mas me lembro bem de minha mãe fritando ovos de manhã cedo e colocando no pão pra mim e meu irmão, antes da escola. lembro bem do dia que deixei car fiquei tão triste de não poder comer ovo frito naquele dia. Criança tem cada uma né. Realmente as crianças devem ter adorado os sanduiches.
ResponderExcluirOi, Eliane! Que bom que te ajudou a recuperar boas lembranças...
ResponderExcluirEngraçado é que, conversando com outras pessoas, pão com ovo parece ser uma memória comum dos tempos de criança.
A meninada bem saboreou o sanduíche!
Abraços e obrigada pela visita :-)
Fabiana, eu comi o seu pão com ovo e adorei!!! Pra mim, também tem gosto de lembranças, do pão francês com omelete que a minha mãe colocava na lancheira (era uma sacolinha de pano com as palavras "Mi Merienda" - em Esp., claro, bordadas). Mas também lembra de outras fases na vida e para mim sempre foi "comfort food". O Sérgio faz salada de ovo pra eu comer com pão quando chego muito cansada de fazer tradução nos eventos. É tudo de bom!!! Você teve uma ideia genial! Um beijinho. Chus.
ResponderExcluirFabiana, eu amo pão francês com ovo e levava no lanche da escola embrulhado em guardanapo de pano. Quando chegava a hora do recreio eu sempre já havia comido todo (o bom é que guardanapo de pano não faz barulho). Seus sanduichinhos estavam lindos (não comi, pra deixar pras crianças que devoraram, não?). Logo estarão lá no Piperca. Beijos, N
ResponderExcluirChus, adorei seu comentário, tão carinhoso.
ResponderExcluirCada vez mais me impressiona o quanto nossas lembranças estão embaladas por cheiros e sabores... Por isso mesmo adoro cozinhar junto com o Rodrigo - para inventarmos nossa história e para partilhar com ele os pedacinhos na minha história que, talvez sem o estímulo do cortar, mexer, amassar, nem eu lembraria...
E a sua geléia de kinkans continua iluminando meus cafés da manhã! Obrigada. Beijos.
Neide, essa foi ótima! De fato, guardanapo de pano não tem que abrir, não faz barulho... perfeito para ir matando a fome aos pouquinhos, deixando a hora do recreio para muita brincadeira.
ResponderExcluirAs crianças gostaram mesmo, que bom!
Beijos.