Feriado prolongado, Rodrigo desde sexta-feira fazendo febres, querendo colo, tomando pequenos e contínuos goles de água de coco... Cansaço e preocupação e também muitos pensamentos sobre essa relação de cuidado que vai se transformando: quando ele era menor, em algum ponto entre bebê e criança, o colo o acolhia, o peito o alimentava e hidratava, dormir perto nos acalentava a ambos. A doença ia e vinha e os modos de cuidar continuavam. Já faz um tempo que não é assim, que a doença vem e vai e a gente aprende o quanto ele cresceu - choraminga, quer presença, em tempo mais largo que o integral, mas já aprendeu que o colo não faz melhorar mais rápido. Me emociona, porém, saber que, apesar disso, acorda com febre à noite e procura as minhas mãos. Me emociona que apesar das minhas falhas e da minha impotência diante das dores que são só dele, ele me queira por perto mesmo que para dizer somente "eu estou aqui".
E para termnar esse post meio nonsense, registro um trechinho de Alan Pauls, selecionado pela Taísa (via Facebook), perfeito para falar desses fogos brandos que a gente vai carregando vida afora, lembranças mornas daquilo que nos falta:
"porque há estados de alma tão incandescentes que abordá-los é renovar seu ardor e arder... só é possível, então, afastar o olhar... fazer de conta que ainda resta algo no mundo que as chamas ainda não consumiram, até que o tempo, única força realmente invulnerável, capaz de afetar sem ser afetada, faça seu trabalho e o que era brasa viva seja por fim o tênue eco de um calor, uma cinza inofensiva" (Alan Pauls, O Passado).
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