30 setembro, 2009

Pra rir um pouco

Quando estou escrevendo, tenho sempre um dicionário por perto, pra poder checar se a palavra que me vem à cabeça significa mesmo o que necessito que ela diga... Também costumo manter aberta uma janela com um dicionário online, e o Priberam é minha escolha predileta.

Tudo isso pra dizer que hoje, pela primeira vez, prestei atenção na nuvem de palavras mais procuradas e percebi que, entre elas, está "auspicioso".

Alguém aí quer apostar que quando passarem os efeitos da última novela das oito, essa palavra vai sumir dali?

29 setembro, 2009

Penélope moderna

Como é difícil sentar na frente da tela em branco para puxar os fios da memória e ainda tecer com eles uma trama inteligível!

Começo, recomeço; escrevo, apago; penso um rumo, logo me dou conta de que a trama pede que eu vá por outro... Fio e desfio sem parar, procurando no passado algo que se pareça com: um caminho.

Mas e toda aquela conversa de que o caminho se faz ao caminhar?

(Estou tentando, há um mês, concluir um Memorial acadêmico. Sem sucesso, como pode-se perceber...).

25 setembro, 2009

Silêncio (em alto volume)

Vai daí que depois de tantas coisas (e tão intensas), ando me sentindo um pouco "vazia", um pouco sem palavras. Sintomaticamente, já na terça acordei meio moída e com a garganta doendo, e na quarta tive que ficar praticamente de cama (embora seja mais exato dizer "de sofá", já que aproveitei e assisti muitos episódios da primeira temporada de In Treatment). Ontem consegui trabalhar, ainda com a garganta reclamando e hoje acabei ficando com o Rodrigo o dia todo - era pra ser só de manhã, mas a gente foi se atrasando, se arrastando e no fim achei que ele estava precisando de um dia de mãe só pra ele, ou vai ver que eu é que estava precisando de um dia de ser só mãe pra ele, não sei.

O fato é que estou meio lenta e aérea, ainda que esteja colocando os pés no chão devagar, bem devagar, pra ver se não esfolo os pés, nem aterriso de trambolhão. Sem pressa alguma, como se pra compensar a violência de tantos tempos desencontrados dos últimos anos.

Vontade de ficar quietinha, só pra poder ouvir com calma tudo aquilo que dentro de mim sussurra, fala e de vez em quando berra. Se por fora ando cheia de silêncios é porque aqui dentro tá assim, ó: puro zumzumzum.

21 setembro, 2009

A origem da primavera*

Então, depois de quase cinco longos anos, acabou. Não tem mais relógio correndo por dentro, não tem mais culpa por tudo que não li, não tem mais desespero com o que podia ter sido e não foi.

O que sobrou foi a vontade de seguir em um caminho já iniciado, e a felicidade de recuperar o prazer que o trabalho de pesquisa sempre me deu (mesmo com as crises necessárias que fazem parte do processo).

A banca de defesa foi muito, muito respeitosa e generosa. Muito mesmo. Eu achei que ia ser paulada pra todo lado. E não é que foi super fácil e sem críticas: todos apontaram problemas, lacunas e explicitaram aquilo que eu já sabia - que o trabalho promete muito mais que cumpre. Mas todos observaram que isso se deveu também ao tamanho do empreendimento e valorizaram essa minha "coragem" (ou falta de noção, de acordo com o que minha terapeuta chamou de "minha banca interna"...) de me esforçar para me aproximar do meu "objeto" de um modo diferente.

E o carinho das pessoas que foram? Da mensagenzinha da enteada mais nova na hora do almoço? Da enteada mais velha, na platéia? Da amiga querida e de seu namorado? Do Marco, que veio lá de Campinas? De parte da equipe de Osasco, que ainda me mandaram um bilhete e um presente? Do Mauricio, da Ana e da Carla, da segunda fileira? Do marido, mais nervoso que durante o parto? Do Pedro, da Monika, da Veronika, do Wilson... E mesmo da Leny, membro da banca, que fez a leitura mais querida e atenciosa desse mundo?

Tem muita coisa a ser pensada, corrigida, refletida, lacunas a serem preenchidas. Mas só o fato do futuro ter voltado a ser possível já rearranja imensos espaços por dentro.

Hoje de manhã, fazendo a preparação final da apresentação, fui falar do rito que encerra parcialmente um percurso de pesquisa e também uma relação de quatorze anos com a USP, e me lembrei da voz da Fátima Guedes, cantando "e lá vou eu...". (E, obviamente, tive que fazer uma força imensa para não começar a chorar).

Hora de içar as velas e seguir em frente. E lá vou eu...



* um dos títulos do primeiro capítulo do livro Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres, de Clarice Lispector.

18 setembro, 2009

Calmaria


Não chega nem a ser respiro; é mais o breve intervalo entre inspirar e expirar. A fé cega de quem está em plena travessia, pé ante pé na pinguela estreita que leva de um lado a outro, e consegue não olhar pra baixo. A calmaria de estar mergulhada no presente, esquecida da turbulência recém-ultrapassada e também das incertezas do futuro. Concentração no agora- mesmo, pés fincados na terra, lua nova, início de estação. Uma pequena morte: instante fora de qualquer tempo e espaço. É breve (a esta altura da vida já sei). É fundo. É bonito, também: encher a alma de horizonte, ampliar espaços por dentro. Nem adianta pedir pra durar - dali a pouco o vento sopra, tudo se agita, é necessário içar as velas e decidir a nova direção. Mas não ainda: por enquanto é tempo de permanecer.

Imagem: Patricia Metola

15 setembro, 2009

Artes

No final de semana, fizemos um "foguete" guardador de giz de lousa. Na verdade, é uma casinha, mas Rodrigo viu que era pontudo e cismou que era foguete, então...foguete ficou sendo :-)


Ao contrário dos outros, esse dá uma trabalheira danada!


Era muito detalhezinho pra costurar... E ainda era do livro em que os moldes não vêm na escala certa; e como era domingo, não tinha jeito de ir copiar a 200%, de modo que foi no olhômetro mesmo...


Mas acabou dando tudo certo...

14 setembro, 2009

Contagem Regressiva


Por aqui, em compasso de preparação para a defesa, que será daqui há uma semana. Uma mistura de sensações boas e tensas, de alegria e de tristeza (afinal, a defesa também encerra meu percurso como aluna da USP, durante quase quatorze anos).

A defesa - que é pública - acontecerá no dia 21 de setembro (segunda-feira que vem), às 14 horas, no Prédio da Administração da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, sala 116.

Então é isso: na próxima segunda, além de abrir os braços para a chegada da primavera, espero poder abrir os braços para uma nova fase da vida, ritualizando o final de uma etapa longa e, apesar de tudo, boa.

Imagem: www.gettyimages.com.br

11 setembro, 2009

Rápida e rasteira

- A quinta temporada de Supernatural começou bem; mas vamos combinar que Castiel podia ter aparecido mais, né?

- Espero que não vá ser uma temporada de muitas DRs entre Sam e Dean, que ninguém merece!

- Uma das coisas que mais gosto na série realmente é o fato deles tirarem sarro de si mesmos com frequência :-)

- Sessão nostalgia: não é que dei de cara com um vídeo do Toto? Uma música que era trilha de novela, em 1986...

E chega de notícias inúteis nesse post de hoje.

10 setembro, 2009

Em bom baleiês

Olhaaaaa sóóóó a baleeeeeeía que a gente fez hoje de manhããããããããããã:

Nãããõ ficoooooou liiiiinda e simpáááááááática? ;-)

08 setembro, 2009

Cristal

Os dias cinzas podem ser tristes, de uma tristeza funda e dolorida a que também chamamos melancolia. Tava até no livro, que o Rô trouxe da biblioteca circulante no feriado, a expressão "ele estava mais triste do que três dias nublados".

Mas tem dia que o cinza não traz tristeza. Ao contrário: ressalta a festa. Quando o cinza não invade, só emoldura, é que as cores ficam ainda mais vivas. A árvore tão nua que é quase sombra, com sua explosão de rosa, colorindo o caminho. O tapete de pôr-do-sol, na mistura de folhas vermelhas e douradas. Ou as cintilâncias do som, que rebrilham e espocam alegrias.

Tem dia que o cinza é colorido.

Hoje, tenho certeza que foi porque topei com essa música que o chumbo do céu virou leveza:


07 setembro, 2009

Gratidão



Aí a gente abre a caixa postal e encontra uma mensagem de uma pessoa com quem só tivemos contato virtual, comentando cuidadosamente nosso trabalho, de forma respeitosa e provocadora. Sem "passar a mão na cabeça", mas ajudando a reconhecer o que merece mais cuidado, o que é instigante, o que precisa ser melhorado...

E o azul dá pinceladas por dentro, só de saber que tem gente querida e generosa no mundo...

Escatologias


Crianças adoram falar em xixi e cocô. Não sei bem por que, mas é uma diversão transgressora das boas: xixi, cocô, pum, arroto. O Rodrigo se diverte horrores falando no assunto... Os amigos dele também...

Há umas semanas, o professor do Rô tinha dado uma olhada naqueles livros de softies que comprei no ano passado e tinha visto a foto do "Cocô solitário". Aí ele comentou comigo que esse era um ótimo "bicho" para as crianças da sala do Rô, todos por volta de seus quatro anos, porque ele adoram o assunto.

Vai daí que Rodrigo ouviu essa conversa e começou a me pedir para "fazer um cocô" pra ele. Neste final de semana, finalmente compramos o feltro marrom e fomos testar o molde. O resultado é esse aí de cima: o "cocô do Rodrigo"...

Pior são as conversas que passaram a fazer parte da nossa rotina, após a chegada do "cocô":

- Filho, vamos sair; você vai levar o seu cocô?

- Mãe, onde está o cocô que você fez pra mim?

- Eu quero dormir com o cocô...

Escatologia pura :-)

Para ler ouvindo História do Cocô (do programa Cocoricó).

03 setembro, 2009

Alquimia

Desde a semana passada que o Rô estava com desejo de fazer panquecas. Vejam que não era de comê-las; ele queria fazer as benditas. E eu dizendo que faríamos, mas sem conseguir cumprir a promessa com tanta correria.

Hoje, então, conseguimos nos organizar e fizemos as tais panquecas. Primeiro, a massa. Inventei de colocar uma parte de farinha branca e a outra de farinha de aveia, e ficou bem boa. Ia tentar com a integral, mas ela às vezes deixa tudo pesado, e eu já tinha dado a mancada de só ter um ovo... Achei que ia ficar seco e duro demais. Mas a farinha de aveia é tão fininha, que deixa tudo mais fofo mesmo, então deu certo.

Massa feita e panquecas fritas, começamos a fazer o recheio. Como tinha que usar o fogão, enquanto eu cozinhava o Rodrigo ficou amassando pão. Gente! Fiquei orgulhosíssima: ele fez o pão praticamente sozinho. Pus os ingredientes e falei que tinha que ficar igual massinha, e ele foi amassando, virando, misturando... E eu só assistindo a massa crescer, feliz!

Acabei o recheio da panquecas (fiz de abobrinha; experimentei outro dia num restaurante e adorei...) e fui lavar a mão do Rô, explicando pra ele que a massa precisava descansar antes de ir pro forno. Cobri a massa e deixei na cozinha.

Lavamos a mão, conversamos um pouco, começamos a nos preparar para rechear as panquecas. Dali a dois minutos, Rodrigo vai levantar o pano que cobria o pão, "pra ver se a massa já acordou" :-)

As panquecas comemos no almoço; o pão vai ficar pro lanche.

E nada como aproveitar o último suspiro de calor antes do final de semana pra fazer pão, né? A massa cresceu que foi uma beleza!

01 setembro, 2009

Cansaço II - A Missão

- Sabe aqueles dias em que as coisas vão se embolando, embolando e quando você percebe, o dia quase acabou e você não conseguiu fazer NADA do que tinha planejado? Pois ontem e hoje foram assim. E eu tô três vezes mais cansada do que estaria, se tivesse feito tudo que tinha pra fazer, porque não tem nada pior do que correr como barata tonta e ainda assim não sair do lugar :-(

- Do lado positivo (porque às vezes há um), acho que consegui me acertar de novo com a rotina da casa, resolvi pendências antigas, encontrei ontem a Paulinha e hoje bati um pouco de papo com a minha antiga chefe, com quem tive momento conflituosos, mas a quem admiro imensamente (e mais, à medida que o tempo passa). É engraçado isso: quando fui trabalhar lá, eu tinha vinte e poucos anos; e ela às vezes lia nossas dificuldades de comunicação em termos de geração (não era só comigo, mas também com a minha sócia ou outros participantes da equipe). Na época, eu não concordava muito com essa leitura; mas hoje, acho que ela tinha muita razão - e nem era pela idade, era pelo momento que a geração dela tinha vivido (na militância, nas lutas, nos movimentos sociais da década de 80; no caso dela, ainda, que foi Deputada constituinte, isso era ainda mais verdade), e o momento em que a minha começou a viver. Na minha pesquisa de doutorado, quando olhava os movimentos sociais em torno do desemprego, topei com a figura dela várias vezes... Ela faz parte das pessoas que deram a vida para fazer acontecer um projeto de país, coisa que a gente só com dificuldade consegue dimensionar: o que é estar no lugar e no tempo em que a história parece aberta à mudança... Não é que não esteja agora e a todo momento, mas atualmente é difícil até mesmo identificar onde estão os limites de nossa experiência que constituem necessidades radicais. Enfim: cousas...

- Pra iluminar o dia, de manhã Rodrigo e eu combinamos de fabricar um bicho de feltro. Era para ser um ET, porque ando querendo testar umas coisas pensando já nas lembrancinhas do aniversário dele. Mas na hora H, Rodrigo decidiu que queria um bicho-com-cabeça-de-triângulo. Fizemos o molde, cortamos, eu costurei à mão (porque minha máquina não anda querendo funcionar direito; e a menorzinha não costura duas camadas de feltro nem com reza braba...) e o Rodrigo "recheou". Eu queria chamá-lo de E-Tri, mas o Rô cismou que vai chamá-lo de Batman, então o que se há de fazer?
Vejam se não ficou bonito: