17 fevereiro, 2012

limão

o telefone toca várias vezes, mas só tem alguém na linha mesmo em duas. a primeira vez, aviso que o joão não está porque não mora aqui. o banco itaú na voz da mocinha pede desculpas. da segunda vez, quando querem falar com o joão, pergunto "de novo?" e o banco itaú na mão na mocinha desliga na minha cara, sem pedido de desculpas. pensar bem, pedir desculpa para quê?
desculpa, quando a gente pede, é para aliviar a nossa alma, que pro outro mesmo, nem adianta: o tempo já foi gasto, a tigela já quebrou, o sapato pedido emprestado já ralou. desculpas, quando a gente dá, é para aliviar a nossa alma, fingindo que a responsabilidade nem é nossa e pro outro mesmo, nem adianta: o trabalho ficou por fazer, o feijão já queimou, o cachorro já fugiu.
não ando querendo desculpa. nem desculpas.
o que eu queria pedir e dar era mesmo perdão, assim, grandioso e magnânimo. pra ver se adoçava um pouco tudo isso que anda meio azedo.

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