adoro a ideia de encontro. encontro como o momento oportuno, em que é possível olhar o outro nos olhos e reconhecê-lo. como a cheia do rio, que inunda e torna fértil e depois dela, a gente fica ao menos um pouquinho mais capaz de florir nas primaveras. encontro como a coincidência que ampara, que faz crer numa ordem qualquer - mundana ou celeste. como a sombra fresca na qual o refúgio é possível. encontro como bolha de sabão - ilusória proteção, nem por isso menos bonita. encontro como o momento em que a gente se abeira do outro e não duvida da coragem, então salta.
gosto tanto da ideia de encontro que às vezes até esqueço que o encontro também pode ser colizão. a freada brusca sulcando o peito quando à frente: um muro de descaso. a coincidência virada em fatalidade - a hora errada, o lugar errado, a pessoa errada. os caquinhos de vidro, o pó levantado e a gente tonto, torto, em meio à confusão.
a boniteza e a violência do encontro. a delicadeza e a intensidade do encontro. que da vida a gente não escapa nem quando sai ileso.
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