23 abril, 2010

De amores e cafés

Tem gente que adora cena de aeroporto. Tem até flme que parte desse gosto pela intensidade dos reencontros ou das despedidas que acontecem nesse espaço... Como se na chegada e na partida os sentimentos ficassem mais fortes. Precisa de fragilidade pra que sentir seja possível?

Eu tenho gostado de cenas de cafés. Daqueles cafés em que a gente senta sem pressa ou compromisso, sabe? E aí vê o menino chegando animado, ao lado do pai, concentradíssimo em ouvir o que o menino conta: bagunça de músicas e conversas ao redor, mas um é o mais importante pro outro. Vê também o casal de namorados, falando pouco, sorrindo muito, dividindo o doce imenso e cheio de chantilly - pura leveza dos começos tateantes. Vê também um casal de velhos, que em silêncio dividem a leitura das revistas: imensa tranquilidade e confiança de quem dividiu uma vida inteira. Nos cafés, há roçares de mão, cafunés distraídos, colo, atenção ao que o outro diz.

Ao contrário dos aeroportos, nos cafés há o amor sem urgência, que se renova todo dia, que se distrai da fragilidade e da morte, que rouba do tempo a eternidade. Nos cafés, o amor se espreguiça e se alarga. E é tão bom...

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