que é doce, mas não é nem um um pouco mole. boa noite, então, pra quem pode dormir. hoje eu fico entre livros (acadêmicos) e boa música. trabalhando, trabalhando e trabalhando. ao menos até o corpo aguentar!
Se te pareço noturna e imperfeita/ Olha-me de novo. Porque esta noite/ Olhei-me a mim, como se tu me/ olhasses. E era como se a água Desejasse/ Escapar de sua casa que é o rio / E deslizando apenas, nem tocar a margem. Te olhei. E há tanto tempo/ Entendo que sou terra. (Hilda Hilst)
30 maio, 2015
04 maio, 2015
(sul global)
"Chego agora à minha consideração final, que é sobre a Europa e o sul da Ásia hoje. [...].
[Os] governantes dos países recém-independentes do sul da Ásia continuaram com seus projetos de construir Estados-Nação modernos. Ganhar a soberania dos poderes coloniais liberou as molas do amor pelo conceito de ocidente entre as classes médias em expansão. Não me refiro aqui à alegada paixão dos jovens indianos por roupas de marca e música pop, que muitos sentem estar ameaçando nossa tradição nacional. [...] Estou mais preocupado com a invocação da modernidade ocidental que nos diz que, ao praticar as mais recentes artes do gerenciar populações, estamos perdendo a corrida porque estamos atolados na política. Há uma crescente impaciência entre as classes médias, que sentem que não estamos alcançando o ocidente rápido o suficientes porque temos democracia demais. Ao mesmo tempo, há uma tentativa renovada de impor um ramo particular da cultura de casta alta bramânica modernizada como a verdadeira cultura nacional, baseando-se no fato de que todas as grandes nações do ocidente foram construídas através de um processo de homogeneização cultural. A mesma lógica leva os meios políticos de cada país do sul da Ásia a considerar seus vizinhos como rivais e potenciais inimigos. E, desnecessário dizer, é a mesma lógica que está levando esses meios políticos a uma corrida nuclear, fundada na crença de que essa é a única maneira de se obter o respeito das grandes potências do ocidente. Com a adequada deferência aos representantes de nossos meios políticos, possa eu afirmar que isso não reflete a sabedoria do príncipe de Maquiavel. Antes, reflete a mentalidade do pequeno batedor de carteiras que acha que o mundo é governado por grandes bandidos, e vive na fantasia de que, imitando a sua bazófia e impetuosidade, um dia será convidado a entrar para o seu clube. É uma paródia - uma paródia patética - do chauvinismo das grandes potências, destinado a fazer com que nossas elites se sintam bem consigo mesmas, mas cujo preço, como sempre, recairá sobre os pobres e sobre aqueles que não têm poder em nossa sociedade. [...]
Cabe a nós, aqueles que ainda [somos] marginais no mundo da modernidade, usar as oportunidades que ainda temos para inventar formas novas para as modernas ordens sociais, econômicas e políticas. Fizemos muitas experiências nos últimos cem anos mais ou menos. Muitas das formas a que chegamos foram consideradas, por outros assim como por nós, como adaptações imperfeitas do original - não terminadas, distorcidas, talvez até mesmo falsificadas. Vale a pena considerar se muitas dessas formas supostamente distorcidas - de instituições econômicas, leis, práticas culturais - não poderiam de fato conter a possibilidade de formas inteiramente novas de organização econômica ou governança democrática, nunca imaginadas pelas velhas formas de modernidade ocidental. Para isso, no entanto, temos de ter a coragem de virar as costas para a história dos últimos quinhentos anos e nos defrontar com o futuro com uma nova maturidade e autoconfiança, nascidas da convicção de que Vasco da Gama não deve nunca aparecer em nossas costas novamente" (Partha Chaterjee. Quinhentos anos de amor e de ódio. In: ___. Colonialismo, modernidade e política. Salvador: EDUFBA, CEAO, 2004, p.40;42).
Cabe a nós, aqueles que ainda [somos] marginais no mundo da modernidade, usar as oportunidades que ainda temos para inventar formas novas para as modernas ordens sociais, econômicas e políticas. Fizemos muitas experiências nos últimos cem anos mais ou menos. Muitas das formas a que chegamos foram consideradas, por outros assim como por nós, como adaptações imperfeitas do original - não terminadas, distorcidas, talvez até mesmo falsificadas. Vale a pena considerar se muitas dessas formas supostamente distorcidas - de instituições econômicas, leis, práticas culturais - não poderiam de fato conter a possibilidade de formas inteiramente novas de organização econômica ou governança democrática, nunca imaginadas pelas velhas formas de modernidade ocidental. Para isso, no entanto, temos de ter a coragem de virar as costas para a história dos últimos quinhentos anos e nos defrontar com o futuro com uma nova maturidade e autoconfiança, nascidas da convicção de que Vasco da Gama não deve nunca aparecer em nossas costas novamente" (Partha Chaterjee. Quinhentos anos de amor e de ódio. In: ___. Colonialismo, modernidade e política. Salvador: EDUFBA, CEAO, 2004, p.40;42).
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