poema que me chegou de presente, nessa semana em que o relatório final da Comissão da Verdade veio à luz. uma atualização de Brecht, em tempos que já são outros, mas cuja natureza não cessamos de ter que interrogar. o presente, com suas canequinhas e bacias espalhadas, a conter o passado que insiste em vazar. sobre nós, que não estamos na chuva, que não construímos com nossas mãos esse telhado. e, no entanto, cá estamos: a espalhar contenções, a torcer a roupa encharcada, a procurar abrigo. interpelados a ouvir o silêncio que arrepia as árvores. a seguir os rastros que levem até essa edificação onde se ocultam os desaparecidos.
What kind of times are these? (Adrienne Rich)
There's a place between two stands of trees where the grass grows uphill
and the old revolutionary road breaks off into shadows
near a meeting-house abandoned by the persecuted
who disappeared into those shadows.
I've walked there picking mushrooms at the edge of dread, but don't be fooled
this isn't a Russian poem, this is not somewhere else but here,
our country moving closer to its own truth and dread,
its own ways of making people disappear.
I won't tell you where the place is, the dark mesh of the woods
meeting the unmarked strip of light—
ghost-ridden crossroads, leafmold paradise:
I know already who wants to buy it, sell it, make it disappear.
And I won't tell you where it is, so why do I tell you
anything? Because you still listen, because in times like these
to have you listen at all, it's necessary
to talk about trees.
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