23 agosto, 2011

respirar (ou: a liberdade é azul)

depois de anos, voltei a nadar. gosto muito: o deslizar às vezes devagar, às vezes rapidíssimo, o silêncio dos pensamentos, calados pelo barulho constante dos braços e pernas se agitando contra a água. nadar é entrega e é luta.

a professora me alerta que o corpo se esqueceu de nadar do jeito certo. eu mesma não percebo, senão no cansaço que, parada tanto tempo, decifro como recomeço. romper a inércia do corpo é exaustivo, mas não é isso que provoca o cansaço: me canso tentanto respirar sem apoio, estabanadamente lançando os braços para frente quando deveria deixá-los permanecer, dando assim o impulso que tornaria a respiração mais fácil e leve. me canso tentando erguer a cabeça sem esteio. uma espécie de orgulho burro, deve ser: vencendo as distâncias sem precisar nem mesmo de mim.

depois do alerta, presto atenção e forço os braços a fornecer descanso para mim mesma. até que a lição se imprima nos músculos, no entanto, preciso lembrar de me amparar quando me lanço a braçadas na água azul e morna.

reaprender a respirar entre os movimentos que me permitem seguir adiante. viver também, é entrega e é luta.

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