30 junho, 2012

estranheza

Penso a palavra fase e o poema da Cecília Meireles me vem à cabeça: tenho fases como a lua/fases de andar escondida/fases de vir para a rua. A fase pendulando extremos - inscrevendo os picos da vida no que é ciclo e, assim, domando o imprevisível.
Penso a palavra fase e sei que meu filho, quando a escuta, imagina jogos de videogame ou computador: algo a se cumprir para continuar a brincadeira. Fase como obstáculo, como intermediária, sem sentido em si mesma. Bandeirolas largadas num caminho pré-definido.
Penso a palavra fase e ressoam as aulas de física: as fases da tensão elétrica, contínuas ou alternadas, o papel do dijuntor. A fase como o grilo que se esconde no quadro de força, cricrilando a alta tensão de chuveiros ou ferros de passar. De novo os picos, agora de energia.
Como pode uma pessoa pensar tanto a palavra fase? eu a pronuncio,  e a estranho enquanto ela ainda está suspensa no ar. Desde então, dou voltas em torno dela, escavando seus sentidos. Não me preocupo: essa estranheza dos termos mais banais há de ser somente uma fase.

28 junho, 2012

pudor

livro usado é duplo encontro: com o autor, com o primeiro dono. essa semana, durante a leitura, além das margens todas preenchidas do trabalho de compreender, e das frases sublinhadas, e das exclamações de quem congratula o autor ("ótima conclusão!"), também umas censuras - imputar, desgraça, danada, todas palavras com alguma letra riscada, como se parti-las ao meio salvasse o texto do pecado. neta da minha avó, entendo bem esse pudor. as palavras são mágicas: pronunciá-las é borrar limites, misturar à terra os mistérios do céu.

27 junho, 2012

crítica

Roger Bastide, sobre Antonio Candido:

"Não estou contente com seus últimos livros. A rigor aceito que o sociólogo e o filósofo precisam se esforçar para serem entendidos por todo mundo; que atenuem suas pesquisas e escondam todo o material sobre o qual repousa seu edifício, seus trabalhos pacientes de aproximação, suas fichas documentárias, suas elaborações estatísticas. Mas, noto no senhor uma tendência mais grave - fazer da poesia um método de sociologia" (citado por Luiz Carlos Jackson. A tradição esquecida. Estudo sobre a sociologia da Antonio Candido. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 16, n. 47, outubro, 2001, p.127-140.

* e pensar que da última vez que fui organizar uma fala por pouco não ia brincando que aprendi mesmo a fazer sociologia lendo a Hilda Hilst ;-)

26 junho, 2012

experiências

"A experiência, e não a verdade, é o que dá sentido à escritura. Digamos, com Foucault, que escrevemos para transformar o que sabemos e não para transmitir o já sabido. Se alguma coisa nos anima a escrever é a possibilidade de que esse ato de escritura, essa experiência em palavras, nos permita liberar-nos de certas verdades, de modo a deixarmos de ser o que somos para ser outra coisa, diferentes do que vimos sendo.
Também a experiência, e não a verdade, é o que dá sentido à educação. Educamos para transformar o que sabemos, não para transmitir o já sabido. Se alguma coisa nos anima a educar é a possibilidade de que esse ato de educação, essa experiência em gestos, nos permita liberar-nos de certas verdades, de modo a deixarmos de ser o que somos, para ser outra coisa para além do que vimos sendo".

(Jorge Larrosa e Walter Kohan, na apresentação da Coleção Educação: Experiência e Sentido, coordenada por ambos na Editora Autêntica).

21 junho, 2012

geografia do sonho

O mar, nos meus sonhos, é quase sempre pesadelo. A areia grossa na fina faixa e a água invadindo tsunâmica. Ou o sumiço do filho e a orla tão comprida e tortuosa a percorrer na busca. Ou ainda o afogamento, à traição, sem bóia ou salva-vida.
O mar e seu desejo furioso, suas funduras, seu excesso de horizonte. Me seduz e apavora essa falta de bordas.
As praias calmas que conheço, de areia fina, quase-lagos ou as piscinas de recifes não querem saber de emoldurar meus sonhos. Não: o mar, nos meus sonhos, sempre exagero de cinza e crispação de ondas.
Nos sonhos bons e coloridos, só terra, rios e montanhas. A trama de mato, galhos e pedras trazendo o horizonte mais para perto, distraindo do infinito.

16 junho, 2012

um abraço

aproximou-se de mim já refrigerante morno em copo de plástico - as paredes inúteis para conter o líquido e a espuma, o tenso limite entre controle e transbordamento.
a experiência ainda difícil nas frases interrompidas pelas lágrimas. que carregou, em segredo, uma festa. que seria o primeiro filho, bem-vindo. que de repente tudo borrou em marrom e vermelho e a felicidade escorreu, por entre os dedos e as pernas. que talvez tenha esperado demais. que ainda sente vazar a ferida aberta pelo medo.
eu tentei dizer coisas como: embora ninguém fale, isso é comum e por isso mesmo não é sinal de que é tarde demais. e nem de menos. que ser mãe já é esse abismar-se diante da vida. que mesmo quando a gente não crê, a vida é milagre pois há improváveis sementes que brotam no tronco da árvore enquanto outras dormem para sempre no fundo da terra mais fértil. que o filho sonhado já começa a virar verdade nesse enfrentamento com o próprio desejo e com os próprios limites. que haverá novamente o tempo da graça.
tentei dizer tudo isso, mas não quis espantar com certezas as bolhas frágeis das dúvidas. então, só falei com os braços.

15 junho, 2012

sra. raposa

Não sei se é do mergulho na escrita nesses últimos tempos (e nem é só escrita aqui, mas também acadêmica) ou se é do gato que Rodrigo e eu temos sonhado tanto em adotar, mas ontem acordei pensando na Clarice: "quanto a escrever, mais vale um cachorro vivo".
E aí chegou o livro que mal ganhei de dia dos namorados e já fui lendo pelo caminho e me entregando como há tempos não fazia. Querendo saber mais sobre o autor encontrei uma citação que dizia assim "Sería preferible cerrar el libro, cerrar los libros, y enfrentar, sin más, no la vida, que es muy grande, sino la frágil armadura del presente" (Alejandro Zambra).
Nem escrever, nem ler: acho que vou passar a comer as palavras com sal, sem pimenta.

14 junho, 2012

modorra

dentro da palavra modorra moram as tardes de férias na casa da minha avó. moram o sol quente de verão e os tatu-bolas que investigávamos no jardim. moram também os cheiros: de xixi e cocô de cachorro evaporando no quintal recém-lavado pela chuva; de sabão de côco e amaciante, estendidos no varal.
no mapa da minha imaginação infantil, modorra fica ao lado do pecado, nas fronteiras com sodoma e gomorra. e é cidade inteira de pedra.
modorra é mais chão do que parede porque é mais cama que poltrona.
a palavra modorra está grávida e logo deve parir a lassidão.

13 junho, 2012

Parir não é um ato médico

Com o Rodrigo tão crescido, faz tempo que não falo aqui sobre parto. Mas frente à ameaça do Cremerj de denunciar o Dr. Jorge Kuhn por suas declarações em entrevista ao Fantástico do último domingo, não dá para ficar em silêncio.

Então, deixo aqui o link para a petição online cavando uma discussão sobre parto baseada em evidências, que não alimente mitos e medos, e devolva a nós os direitos sobre nossos corpos.

E no domingo, em São Paulo e em outras cidades, haverá mobilização, em defesa de Jorge Kuhn, mas principalmente em defesa da garantia de nossos direitos reprodutivos:

Local: Vão central do MASP, Parque Mário Covas - Passeata até o Cremesp
Data: 17 de Junho, domingo
Horário: 14h da tarde
Contatos: Ana Cristina Duarte (11) 9806-709

Já falei da minha própria experiência de um parto 'normal' em hospital aqui. Se um dia eu tiver outro filho de barriga, o plano A certamente será a nossa casa: sem raspagem de pêlos, sem ocitocina, sem anestesia, sem obrigação de ficar deitada, sem enfermeira em cima da minha barriga, sem episiotomia, sem colírio, sem vitamina k injetada, sem aspiração, sem corte rápido de cordão... Com respeito a mim e ao recém-chegado, aos nossos tempos e afetos. Parir não é um ato médico!

Veja também:

Carta aberta em repúdio ao Cremerj
Quem escolhe somos nós
Parto humanizado domiciliar: direito das mulheres
A mulher deve escolher onde e como quer ter o bebê


(im)potência

de uma conversa muito antiga com ele, sobre magia, linguagem e ação:

"Eu tenho à medida que designo - e este é o esplendor de se ter uma linguagem. Mas eu tenho muito mais à medida que não consigo designar. A realidade é a matéria-prima, a linguagem é o modo como vou buscá-la - e como não acho. Mas é do buscar e não achar que nasce o que eu não conhecia, e que instantaneamente reconheço. A linguagem é o meu esforço humano. Por destino tenho que ir buscar e por destino volto com as mão vazias. Mas - volto com o indizível. O indizível só me poderá ser dado através do fracasso de minha linguagem. Só quando falha a construção, é que obtenho o que ela não conseguiu. E é inútil procurar encurtar o caminho e querer começar já sabendo que a voz diz pouco, já começando por ser despessoal. Pois existe a trajetória, e a trajetória não é apenas um modo de ir. A trajetória somos nós mesmos. Em matéria de viver nunca se pode chegar antes. A via-crucis não é um descaminho, é a passagem única, não se chega senão através dela e com ela. A insistência é o nosso esforço, a desistência é o prêmio. A este só se chega quando se experimentou o poder de construir, e, apesar do gosto de poder, prefere-se a desistência. A desistência tem que ser uma escolha. Desistir é a escolha mais sagrada de uma vida. Desistir é o verdadeiro instante humano. E só esta é a glória própria de minha condição. A desistência é uma revelação." (Clarice Lispector, na Paixão segundo G.H.).

11 junho, 2012

em pleno vôo

no meio de um domingo, o amigo morreu de repente: sem nenhum sinal, sem nenhum aviso. a família reunida na sala e o coração falseou, escorregando entre uma e outra batida, desacertando o passo.
numa terça-feira, alguém que me era tão caro, tão caro que me atava ao que na vida é perfeição se descobriu frágil: sem sinal ou aviso. o coração tropeçando as batidas, o sangue se perdendo no caminho, braços e pernas falhando no susto de saber-se mortal.
na sexta-feira, o professor se foi num sobressalto: sem sinal e sem aviso, o coração (de novo ele) desistindo de bater, feito soluço que interrompesse a respiração.
quando eu era pequena, achava que as pessoas só morriam velhas. ou de acidente: o mau encontro antecipando o natural das coisas. depois, à medida que a lista dos meus mortos aumentava, fui descobrindo que morre-se velho e novo, triste e feliz, solteiro e casado, quando a vida acaba e quando começa, sem filhos e com filhos, estando eles grandes e ainda na barriga, na lua de mel e nas bodas de ouro. morre-se. feito pássaro apanhado em pleno vôo.

10 junho, 2012

doçuras

a noite fria e chuvosa propõe obstáculo ao reencontro, mas em algum lugar entre a garganta e o coração um calor faz combustível para o primeiro passo fora de casa. encontramos abrigo na pequena cervejaria, mesa para dois, nem tão claro que fira a vista, nem tão escuro que os contornos do outro se borrem. a cerveja faz às vezes de champagne até no estouro educado, e o garçom derrama nos copos a promessa de memórias de frutas, ameixas e uvas. a leveza da bebida e a leveza da conversa, ainda que temas duros permeiem as risadas. envelhecer. futuro. casamento. corpo. o doce que os goles estalam na garganta amansando medos e dores. o olho no olho também: certeza de companhia e compreensão. lá fora a cidade fria e deserta - cá dentro, o queijo e mel em torno do qual arrulhamos fazendo as vezes de lareira.

09 junho, 2012

mariposa

a chuva contínua já quase nem se percebe (tão rápido nos acostumamos às mudanças, mesmo as mais cinzentas). caminhando por entre os pingos, a atenção é atraída para o estranho bicho pousado: no tronco do poste, uma mariposa de nylon descansa. o frágil guarda-chuva chinês que o vento virou, revirado em beleza. descartável. e ainda assim, capaz de acordar no rosto uma alegria.

PP

(pós-post): depois de escrever o post de ontem, me lembrei do Drummond, em Relógio do Rosário (Claro Enigma):

{...} Nem existir é mais que um exercício
de pesquisar de vida um vago indício,

a provar a nós mesmos que, vivendo,

estamos para doer, estamos doendo.

08 junho, 2012

carne viva

vezemquando a vida lateja mais. eu achava que era a falta de sol, a monotonia do cinza que faz dia e noite se parecerem. em dias de garoa fina, é como se o corpo ficasse sem pele e a alma arroxeasse a qualquer toque - rememoração de quaresma a pedir delicadeza e silêncio. mas não sei se é só a saudade do azul e amarelo que explica o coração em sobressalto, como se entre as batidas morasse uma tristeza fina querendo escapar. acho que é a dificuldade de respirar quando a gente caminha sentindo a vida passando, em toda suas intensidades, agridoce. tempo de lembrar os mortos, os caminhos abandonados. tempo de ouvir atentamente os prenúncios de vida - a primavera que mora dentro do inverno. tempo de respirar mais fundo, a leveza do suspiro pontuando o contínuo escorrer - da vida, da água, do tempo.

So may the sunrise bring hope where it once was forgotten:







07 junho, 2012

correnteza

porque escrever tem sido urgente, acordei pensando nisso: que escrever é exercício - às vezes ioga, com sua força e flexibilidade, às vezes cardio boxe, com sua fúria e violência. lutar com palavras é a luta mais vã, Drummond já dissera.
e porque já acordei pensando a escrita, imaginei que escrever é também trabalho manual - entre a alquimia da cozinha, misturando ingredientes e temperaturas, e a precisão do ikebana, no esforço delicado de arranjar as palavras em formas um pouco estranhas, ocupar espaços, redefinir a beleza. (já a escrita acadêmica, essa é a arte perdida da relojoaria: as palavras, engrenagens a fazer funcionar a maquinaria da explicação).
a possibilidade da escrita relampeja entre a distração e a concentração. a distensão que permite ser surpreendido, o susto arrancando a gente do que no tododia também é banal; a atenção que torna possível agarrar em pleno ar a estrela cadente: o escritor, um ninja.
escrever é estender a mão como caule que se projetasse repentino do fundo da terra. entre o desejo de comunicação e a pura e simples vontade de distribuir a beleza inventada.
a escrita, sempre entre uma coisa e outra, rio comprimido entre as margens. às vezes quase seco, às vezes cheia, às vezes a confusão do encontro com o mar. outras vezes, como agora, caudalosa e irresistível correnteza.

06 junho, 2012

sabedoria

na aula de ginástica, o professor explica o exercício "abre os braços e fecha as pernas". a voz da bisavó ecoa, firme através dos tempos, ensinando os cuidados em ser mulher. os braços, abertos para a acolhida. as pernas, fechadas para o desejo. atrás do beijo, vem o desejo. sabedoria antiga que alerta para a voragem e seus perigos.
essas vozes me alcançam, mas não me enredam. já todo o caminho na pele que o veludo do primeiro beijo abriu, esse sim me envolve sem salvação. me perco, de novo e de novo e de novo, imprudente. braços e pernas abertos ao mesmo tempo, dizendo sim às águas turvas e seus tragos.

05 junho, 2012

espera

a chuva escorre o cinza clarinho que sufoca o azul. tem dias em que para sempre é quanto a chuva dura. no ponto de ônibus os bancos estão todos encharcados, mas o sentimento é ainda de úmida gratidão - que a chuva é fina e não molha em rajadas quem se abriga sob o teto frágil. o trânsito, os motores acelerando, os aviões ao longe: tudo é ríspido e farpeja por dentro. e então o susto. desafiando o chumbo, uma revoada dança, uma vez para perto, outra vez para longe e ainda outra vez para perto. o contrário da pressa de alcançar o destino enfeita o céu a se despir: volteiam, procuram, tateiam o melhor pouso. olhos em festa, afrouxo como se tivesse chegado. nas poças do banco, a espera namorica a permanência.

04 junho, 2012

alongamento

na vida-fluxo, a impossibilidade de parar desgasta os músculos e dormir é apenas breve intervalo sem sonho. na vida-fluxo, sentir sem distração já é interromper: mesmo seguindo a correnteza, dar às braçadas uma direção.
às vezes, porém,  o corpo escapa para as margens e encontra alívio na beirada. o estiramento da luta constante ansiando pelo repouso. braços e pernas se alongam. sem o risco do afogamento, a alma se alonga também: relembra o horizonte, o céu, as nuvens. e também as pedras, a terra, os pássaros. rememora o ar quando entra sem esforço.
escrever é cravar as unhas nessas precárias bordas - inventar o repouso onde ele é difícil, amarrar as redes em pleno espaço.

03 junho, 2012

entrelinhas

Frente a frente, derramando enfim
todas as palavras, dizemos, com os
olhos, do silêncio que não é mudez. 

(Ana Cristina César. A teus pés).

02 junho, 2012

inflamação

há alguns anos ganhei uma flor de maio. que só dava flor em setembro - flores branquinhas e rosadas, que de repente enfeitavam as pontas do verde. o vaso foi ficando estreito para tanta raiz, e o que era um virou cinco. cinco vasos que na primavera pingenteavam delicadezas. no início do ano, novo milagre de multiplicação e mais duas novas mudas, essas ainda frágeis, tênues fios como raízes. desconfiei que não iam vingar.
na semana passada, porém, descobri em todas elas os botões: as pequenas contas arvoradas feito rosário que se rompesse em pleno ar. e hoje, a nova surpresa de descobrir nos dois vasos recentes, tão pequeninos e quase só folhas caídas sobre a terra, as inflamações brotando, vermelhas. sempre me assusto com essa determinação de vida - inventando raízes, tingindo novas cores, obstinando em vencer o silêncio da terra: arrebatamento a meio caminho entre a boniteza e a ferida.

01 junho, 2012

alquimia

a palavra condimentos no meio da sentença acadêmica distrai o pensamento. pelo nariz passeiam cheiros:  canela sobre o leite quente; cravo no doce-de-abóbora com coco cozinhando na panela de ferro; cominho na carne fritando; cardamomo no café recém-passado; louro fervendo no feijão preto; alecrim em meio a batatas assadas com casca; manjericão no tomate firme e fresco. e erva-doce quando perfuma o bolo de fubá. numa fração de segundo, todos os cheiros da casa quando viva - o sábado e domingo invadindo a sexta-feira. a palavra condimentos, por si mesma, põe toalha florida sobre a mesa-redonda. e deixa entrar, pelas frestas da tese, uma aragem de mato.